AS FRONTEIRAS DA (IN)CONSCIÊNCIA.
Uma das tarefas mais difíceis para os que se propõem a falar sobre um determinado assunto é encontrar um título que retrate a ideia que se pretende passar e que possa despertar o interesse do seu público-alvo. O significado de uma expressão costuma ser percebido com muito mais facilidade do que o seu significante, ou seja, o concreto é sempre mais aparente do que o sutil, afirmativa óbvia, mas que serve para nos lembrar de não ignorar o que realmente está por trás das nossas percepções.
Muitas ideias surgem naturalmente durante leituras, palestras, aulas e atividades das quais participamos de forma ativa ou receptiva e foi numa dessas ocasiões, ao ouvir a narrativa de uma conversa entre o narrador e um Ser que dizia não ser deste planeta, que me deparei com a seguinte frase: “ – Vocês ainda têm um longo caminho a percorrer, afinal, aqui ainda existem fronteiras.” Imediatamente me veio à mente a nossa visão tribal limitada na qual predomina uma consciência de Primeiro Chacra onde o maior nível de Unidade que conseguimos aceitar, sem nos sentirmos ameaçados, parece ser o de País. As fronteiras dos países decorrem dos limites impostos pelas nossas mentes apegadas às ideias de propriedade, patriotismo e honra, encarados como códigos tribais aos quais devemos lealdade. A mente, como já mencionado em artigo anterior, pode ser assemelhada ao grande oceano que separava os continentes e sítios isolados, antes de o Ser Humano desenvolver a capacidade de navegar por eles e perceber uma Unidade muito maior do que ara até então percebida. Essa percepção no nível físico não foi, no entanto, incorporada até hoje pelas oitavas mais elevadas que a maioria dos humanos ainda não conseguiu acessar.
Há que reconhecer que o Ser Humano consegue também ter acesso limitado às energias dos segundo e terceiro Chacras e exercer algum controle sobre certos processos que exigem escolhas que têm o potencial de afastá-lo da tribo familiar, além de outros que podem contribuir para o desenvolvimento da autoestima e conferir algum grau de poder pessoal. Mas, a ideia de um planeta unificado, sem fronteiras, é alguma coisa que ainda causa temor e parece ameaçar a sobrevivência da “tribo”. Este tipo de desconfiança é um sentimento cuja instalação dificilmente teria guarida numa consciência de 4º Chacra e apenas na ausência dela seria possível pensar num mundo sem fronteiras. Falar numa consciência deste nível remete a Tiphereth, a Sephirah do Sol com os atributos de beleza e harmonia e nível de irmanação com o nosso Eu Superior, meta ambiciosa se considerarmos o nível médio de espiritualidade e consciência reinante no planeta.
A chamada globalização poderia ser pensada como um primeiro passo na direção desse centralização? Teoricamente sim. Mas como seria possível globalizar as nossas mentes tribais? Qual seria a aceitação de um “patriota” para uma política que privilegia o compartilhamento de recursos e conhecimentos, considerando os vazios que ainda restam ser preenchidos até o nivelamento, devido aos diferentes patamares atuais de desenvolvimento dos países? Por melhores que sejam as intenções, seria impossível esperar que o Ser Humano atual se volte contra a sua própria natureza. Algo semelhante ocorre nos grandes Conselhos e Organizações, supostamente supranacionais, quando seus membros se sentam para negociar acordos, tréguas e, em ultima análise, a Paz. Como chegar à Paz, quando os corações e mentes dos negociadores não estão, eles próprios, em Paz?
Imperialismo e Comunismo são as distorções extremas de uma ideia louvável conduzida por mentes incapazes de entendê-la plenamente, dominadas que são pela visão dos valores tribais que levam a disputas pela propriedade de recursos naturais, produções agrícola, científica e tecnológica, por parte de países e empresas que espalham seus tentáculos pelo planeta e acabam se tornando as verdadeiras detentoras do Poder. Um planeta dominado por essa mentalidade estará sempre sujeito às ameaças do protecionismo, dos privilégios e da guerra, tudo em nome da honra da tribo, qualquer que seja ela.
A consciência de uma realidade mais ampla parece ser o único caminho para a eliminação de fronteiras, mas infelizmente este processo de crescimento não é uniforme e as realidades vislumbradas pelo Ser Humano ainda são heterogêneas e dificilmente permitiriam uma passagem harmônica para outro nível. Portanto, se estamos ouvindo que o planeta está na iminência de um salto dimensional, é preciso considerar uma das opções a seguir: (1) Esta afirmativa não é verdadeira e o planeta e seus habitantes estão ainda muito longe dessa transição; ou (2) A afirmativa é verdadeira, caso em que o Ser Humano, em particular, deve estar preparado para uma transição traumática, porque, com toda certeza, não haverá tempo suficiente para nivelar todas as mentes para fazer a passagem harmônica.
Qual a sua escolha?
O que pode trazer algum alento para os otimistas é que a avaliação de “iminente” em termos de eternidade (ausência de tempo) pode não ser um período tão curto assim, se medido pelos nossos parâmetros.