AUTOCONHECIMENTO. TÃO FÁCIL... TÃO DIFÍCIL...
Cada vez mais pessoas vêm buscando o caminho do “autoconhecimento” como solução para os seus problemas. O que se observa, no entanto, é que um grande número desses parece não encontrar as respostas buscadas e acaba se decepcionando e abandonando o trabalho que se propunha a realizar logo na sua primeira etapa que pode ser um Curso que escolhem para os seus primeiros passos. Vai aqui a primeira observação importante: o trabalho de autoconhecimento não tem fim – o Curso escolhido á apenas a partida. Ninguém sai de qualquer Curso doutor em autoconhecimento, embora possa até receber um Diploma.
A essência do trabalho sobre si e que faz com que ele seja permanente é a auto-observação. Isto significa olhar para si e estar presente em tudo o que se faz. Estando ausentes, não podemos saber o que estamos fazendo e, assim, passamos a nos movimentar mecanicamente, ou seja, deixamos de agir e passamos a reagir às situações. O hábito de responder a estímulos vai desenvolvendo uma sensação de que tudo o que nos aflige é oriundo do mundo exterior. A sociedade, o mundo, as outras pessoas em geral, passam a ser responsáveis, ou culpadas, por tudo o que nos acontece e pelas dificuldades com as quais nos deparamos.
Frequentar um Curso porque “resolvemos” que precisamos mudar não basta. Ninguém muda porque quer e sim porque se auto-observa e percebe que pode governar a sua vida com muito mais segurança e eficácia. Rapidamente passamos a entender que a grande maioria das dificuldades, aborrecimentos e riscos que enfrentamos podem ser evitados pela nossa presença permanente em nossas próprias vidas. Até mesmo aquelas situações consideradas inevitáveis, e elas com certeza existem, podem ser amenizadas e enfrentadas com sobriedade, pois a sua chegada é sempre pressentida pelos que estão atentos olhando para si e para o que acontece à sua volta. Só isso já representa um considerável ganho de Consciência.
Cabe a cada um de nós escolher o papel que desejamos desempenhar na vida: o de Protagonista ou o de Figurante.
O trabalho sobre si mesmo cria Protagonistas, donos de suas vidas e harmônicos com o Universo, cônscios de suas potencialidades e conhecedores de suas deficiências. Nisto se resume o grande fruto da auto-observação – a capacidade de explorar os seus recursos e compensar as carências. Coisa fácil para os Protagonistas, mas muito difícil para os Figurantes. Por quê? Gurdjieff dizia aos seus discípulos que a humanidade está dormindo, mesmo no estado de vigília, pois o homem embora pareça acordado não está presente em seus atos, reagindo mecanicamente às situações com as quais se depara. Este é a dificuldade do Figurante: acha que não desempenha um papel importante e faz parte de um rebanho que é dirigido com facilidade por um Diretor que, na maioria dos casos, nem é tão bom. Já o Protagonista, ao contrário, dita as regras, rebela-se contra os maus Diretores e submete-se apenas àqueles que considera melhores que ele, pois tem a sensibilidade necessária para perceber essa hierarquia, o que não acontece com o Figurante, um eterno injustiçado em busca de uma “oportunidade que a vida insiste em não lhe proporcionar”.
Se olharmos à nossa volta, perceberemos nitidamente que, até nas coisas mais simples que fazemos, estamos sujeitos a normas, regras, regulamentos e Leis que, de forma explícita ou implícita, se impõem sobre nós e às quais nos sujeitamos. Se quisermos praticar um jogo ou um esporte, precisamos saber suas regras; trabalhamos em empresas que têm regulamentos que temos de observar; o País tem Leis que precisamos cumprir; mesmo quando visitamos outros países temos de nos enquadrar nas suas Leis. E todos sabem que o desconhecimento ou a incapacidade de cumprir as Leis não é justificativa aceita por aqueles que têm a obrigação de manter o equilíbrio das sociedades. Nossas habilidades, potencialidades e deficiências, uma vez bem exploradas e compensadas, irão permitir a nossa adaptação à maneira pela qual as Leis se impõem sobre nós.
Por que seria diferente na esfera do Universo? No mínimo semelhante, afinal Hermes Trimegisto ao enunciar o Segundo Princípio Hermético nos afirma de “O que está abaixo é como o que está acima e o que esta acima é como o que está abaixo”.
O equilíbrio do Universo é mantido através de Princípios e Leis que tornam impossível a existência do que é chamado de “acaso”, pálida explicação que encobre a ignorância sobre Leis que não conhecemos, ou sobre causas de origem superior não percebidas pela nossa consciência limitada. Entender as Leis Universais e como elas regem e afetam as situações da vida oferece recursos para enfrentá-las com mais desenvoltura e tranqüilidade, através de decisões e atitudes conscientes que minimizam surpresas, imprevistos e sobressaltos.
O trabalho sobre si define um percurso a ser trilhado pelo homem comum que não precisa abdicar qualquer tipo de atividade, religião, trabalho ou diversão para fazer aflorar o seu verdadeiro Ser. Se você é o Protagonista da sua Vida é muito fácil...se você é apenas um Figurante nela, é muito difícil...