AS FORMAS DO ENEAGRAMA
O Eneagrama é um símbolo constituído por três formas que trabalham em conjunto, mas que aqui serão analisadas, apenas para efeitos didáticos, de forma separada.
O CÍRCULO
O Círculo representa a Unidade, o Todo, mas ao contrário do que muitos acham, não o Todo absoluto. Estamos falando de algo definido por um espaço, tempo e forma. Ele ocupa uma certa região e contém várias atividades. O círculo representa, portanto, um ambiente fechado – uma capsula. Ele representa ainda o “aqui e agora” ao redor do qual existe um fluxo temporal, enquanto no círculo é sempre “agora”. Trata-se, portanto, de um Todo autônomo com seu próprio padrão e perfil. A entidade ou objeto investigado está encapsulado no círculo.
O círculo do Eneagrama também é frequentemente associado à figura do “ouroboros”, serpente engolindo a própria cauda, simbolizando a eternidade. Um símbolo não pode ser explicado – ele tem de ser sentido – pois sua comunicação é com o centro emocional. É provável que esta associação decorra da identidade entre a eternidade e a ausência de tempo, o que caracteriza o agora.
A circunferência delimita o Cosmos e nela estão localizados os pontos que indicam as etapas do processo. No limite, a passagem do tempo pode ser visualizada na parte externa.
O TRIÂNGULO
A segunda figura é a do triangulo que simboliza a necessidade de existência de não apenas um, mas três processos de desenvolvimento, de origens independentes, para garantir que um deles chegue ao seu termo. Ele representa ainda que esses três processos devem se ligar obedecendo ao sistema de três termos de uma tríade – afirmação, negação e conciliação ( + , – , N ).
A negação é um processo natural decorrente da própria natureza do Cosmos que não permite uma manifestação pura e limpa das energias que nele circulam, como pode ser observado até nos Arcanos do Tarô Egípcio, onde as cores que representam a energia do mundo material tem uma representação chuleada para indicar a sua contaminação.
Por que isso acontece? Parece que a organização é limitante, o que à primeira vista parece um contrassenso. Uma analogia que podemos utilizar é a do efeito da educação das crianças que as conforma a uma realidade social que tolhe a sua plena manifestação espontânea.
FORMA PERIÓDICA
A forma periódica representa o movimento da inteligência interna do Eneagrama que deseja preservar o processo inicial e levá-lo até o seu término com sucesso. Ela é responsável pela percepção dos obstáculos e pelas correções necessárias para poder suplantá-los.
A dízima periódica decorrente da atuação da Lei de Sete sobre a Unidade (Cosmos) repete sempre a mesma sequência de algarismos, apenas deslocados em função do ponto inicial considerado. Observe-se que não figuram nessas sequencias os dígitos 3, 6, e 9, pontos do triângulo, o que vem a confirmar que eles não fazem parte da inteligência interna do Eneagrama, constituindo-se apenas em pontos de abertura para comunicação com o mundo exterior, fora do Cosmos. Assim, cabe a inteligência interna zelar para que os objetivos iniciais sejam alcançados, compensando as dificuldades impostas pelos fatores externos acrescentados pelo mundo exterior.
É preciso entender que existem dois movimentos distintos que não podem ser confundidos. o primeiro, que ocorre no interior do círculo, ao longo da figura periódica, é instantâneo e, portanto, estando no interior do Cosmos definido, situa-se no agora.
O segundo se desenvolve ao longo da circunferência e, portanto, é capaz de perceber a sequência temporal que envolve o Cosmos.
Como exemplo, podemos citar o Ponto 4 que é visitado pela inteligência interna do Eneagrama antes que a ação no Ponto 2 seja desencadeada, pois ela é consequência da reação do Ponto 4. na sequência temporal. Nesse momento, o movimento externo ainda está entre os Pontos 1 e 2. O Ponto 4 só será visitado mais adiante, quando a sequência de eventos temporais que se desloca ao longo da Circunferência chegar a ele. O mesmo acontece com outros Pontos, devido a natureza física do mundo exterior ao Cosmos que precisa de um intervalo temporal para se manifestar e produzir efeitos, diferentemente do movimento da inteligência interna que é instantâneo e pode receber influência direta de todos os Pontos ao mesmo tempo.
Assim, é possível perceber que o ponto 4 vai, no primeiro momento, causar a reação instantânea à situação e, já no segundo momento, poderá oferecer uma perspectiva bem diferente resultante da avaliação do resultado da ação desencadeada no Ponto 2. Isto mostra que nem sempre as reações da inteligência interna estão de acordo com o que é esperado pelo meio ambiente ao qual o movimento é dirigido.