Lei I na 3ª dimensão – Lei da Adaptação
Esta Lei carrega em si uma característica fundamental, principal responsável pela adaptação ao meio ambiente: a Iniciativa, energia extraordinária que é liberada nos momentos necessários, responsável pela capacidade de enfrentar desafios e sair-se bem, buscando dentro de si as forças necessárias para vencê-los. É a energia dos sobreviventes. Só consegue sobreviver em ambiente hostil aquele que é capaz de se adaptar e isso só é possível através da iniciativa.
Esta é a Lei que assegura a sobrevivência das espécies que conseguem se adaptar às mudanças impostas pelo ambiente em que vivem. Assim, é a Lei que permite lidar com as mudanças que são impostas pelo meio ambiente.
Não existem mudanças boas ou más, apenas mudanças. Suas conseqüências podem levar ao rompimento com vínculos, hábitos ou rotinas do passado. É preciso compreender que a mudança é permanente – nada mais é como era há poucos minutos. Assim, a mudança é uma constante na realidade da Lei I neste plano. As adaptações às mudanças são indicadores de que a Lei está sendo bem vivida e produz renovação.
No aspecto mental traz um pensamento claro, sempre voltado para a ação, sem se preocupar com os resultados, o que o leva a um comportamento enérgico, determinado e corajoso. É a energia que forja os heróis, que não pensam muito antes de agir. Eliphas Levi dizia que o Mago é o Louco que deu certo.
A Lei I traz o destaque, a liderança, o pioneirismo e a criatividade.
Emocionalmente, pode tornar as pessoas individualistas e egoístas, atropelando os que se colocarem no seu caminho. A palavra chave desta Lei é o “Eu”. A impaciência é uma de suas características freqüentes. Produz grande atração pelo novo, trazendo satisfação mesmo quando pequenos sucessos são alcançados. Como conseqüência, é uma Lei que não é afeita a rotinas e regras pré-estabelecidas. Ficar parado é infringir a Lei, mas entrar em estado de ansiedade por uma mudança que não ocorre, também é.
UNIDADE E INDIVIDUALIDADE
Uma das sensações mais intrigantes pela qual pode passar um ser humano no nosso estágio é a de, em determinado momento, sentir-se como um ser diferenciado, com existência própria e única. Logo, uma série de dúvidas e perguntas assomam à mente, trazendo um misto de dúvida e preocupação e até mesmo de esperança. A principal pergunta é: como eu consigo ser eu? Como consegui assumir esta individualidade? E, em seguida, aquele sentimento de que uma individualidade não pode desaparecer depois de estabelecida.
Chagamos, então, ao grande confronto:
INDIVIDUALIDADE X UNIDADE
A unificação de alguns elementos dá origem a uma individualidade. Assim, por exemplo, as células individuais se unem para formar um órgão que passa a ter uma vida individual que, por sua vez, ao se agruparem formam um organismo que passa a ter ele próprio uma vida individual. Todos os reinos orgânicos passam a formar uma nova individualidade que se chama Planeta. Um grupo de planetas constitui um sistema planetário e, depois, Galáxias e assim por diante, até o infinito.
Em geral, uma célula se considera independente e luta com as outras pelo seu interesse próprio, ignorando a vida do órgão ou do organismo de que faz parte. Para ela, este nada mais é do que um ambiente no qual ela desenvolve a sua pequena vida própria. Do mesmo modo, um cientista acadêmico assemelha-se a essa célula, tendo, em relação à Terra e ao sistema solar, um comportamento irreverente, negando-lhes vida individual e considerando-os apenas um ambiente inanimado no qual ele desenvolve a sua “benéfica” atividade. O Planeta, por sua vez, encara este homem com o mesmo desprezo com que ele encara as suas células que se renovam.
O processo de individualização existe também numa corporação. Formada por um grupo qualquer de homens, ela passa a ter uma vida própria, tratando com desprezo os interesses particulares de cada um de seus membros.
Jung considerava que o processo de individuação humana equivalia a autorrealização, ou seja, um crescimento da parte manifesta do Ser absorvendo porções cada vez maiores do inconsciente, o que está perfeitamente de acordo com a ideia da limpeza do ponto 8 do Eneagrama para tirar o lixo energético que encobre o Ser impedindo a sua plena manifestação. Equivale dizer que este processo elimina progressivamente as polaridades da mente, tirando do Inconsciente para a luz da Consciência o que estava contido na Sombra. A ausência de polaridades se traduz na total aceitação de tudo que assombrava o indivíduo e tirava a sua tranquilidade e afetava sua maneira de encarar o mundo. Uma maneira muito simples de entender o que se costuma chamar de “iluminação” seria considerá-la como sendo a ausência de Sombra.
Para perceber o nosso nível de individuação é importante olharmos para nós mesmos e identificarmos o que temos conseguido. Em que momentos ela se manifesta? Por quanto tempo ela perdura? Rapidamente podemos observar que o nível de individuação conseguido pelo ser humano permanece muito baixo, pois suas manifestações, em geral, aparecem através de atos egóicos, tais como a possessividade, o próprio egoísmo, o desinteresse pelo coletivo do qual faz parte e pelo próprio Planeta, sem falar na preocupação com as opiniões alheias. Em outras palavras, queremos saber qual o tamanho do meu Ser ou, para ser mais exato, que proporção do meu Ser, do meu verdadeiro EU, consigo manifestar na minha vida real?
Os raros momentos de manifestação de individualidade superior acontecem quase que involuntariamente, quando nos pegamos, em momentos de reflexão, questionando e procurando entender essa individualidade que nos parece, nesses momentos, tão obscura e enigmática. São ocasiões nas quais, de algum modo, conseguimos unificar nossos elementos constituintes (corpo, alma e espírito) e produzimos um estado alterado de consciência que nos transporta a um nível ao qual não estamos acostumados e que, por isso, nos causa medo e insegurança, fazendo com que assustados, saiamos rapidamente, por não querermos enfrentar as respostas que poderão advir, ou sejamos tomados por alguma forma de apego que teme se afastar de uma situação conhecida e confortável. A sensação é como se acordássemos sobressaltados de um pesadelo.
Os instantes de alinhamento são raros e nós, por não estarmos preparados para eles, perdemos oportunidades valiosas de aproveitá-los e aprender a conviver com eles, tirando o melhor proveito e fazendo com que se tornem mais freqüentes e duradouros.
A unidade advém do alinhamento entre os elementos, momento em que o homem consegue efetivamente exercer o seu papel de mediador entre o Céu e a Terra, fazendo a conexão entre essas duas energias, e quando ele se torna um Criador. É quando o artista tem a sua inspiração, o cientista grita “eureka”, o filósofo torna-se sábio, o empresário vislumbra a grande oportunidade. Para criar ele precisa usar a matéria prima da qual dispõe: os 4 elementos.
Fica fácil vislumbrar o trabalho a ser desenvolvido se utilizarmos, em vez dos elementos, propriamente ditos, aquilo que eles representam para o ser humano no seu processo evolutivo e que se constituem nos quatro verbos do Mago escritos nas formas simbólicas da esfínge: Saber, ousar, querer e calar.
Através da manipulação desses elementos será possível construir a escada que permitirá galgar os vários níveis de individualidade que aproximam o homem do Todo, do Grande Um. Quanto mais coisas o homem considerar como estando fora dele, maior será o que ele considera o seu meio ambiente e, portanto, menor será o seu grau de individualização, mais afastado ele estará do seu estado de microcosmos.
O autoconhecimento é um processo de criação de si mesmo, a criação do pequeno mundo que é análogo ao mundo superior, pelo qual querem começar aqueles que tem a falsa noção do seu conhecimento e do seu Saber.
O método da analogia preconizado por Hermes Trimegisto em sua Tábua Esmeralda nos leva à conclusão de que a descoberta do microcosmos, através da construção de si mesmo, conduz ao conhecimento superior, ao macrocosmos.
O próprio Evangelho está repleto de analogias e parábolas como ensinamentos de Jesus aos seus discípulos e usaremos um desses exemplos para prosseguir a nossa explanação:
“... e Jesus disse-lhes: deixai vir as crianças a mim e não os impeçais, porque deles é o Reino de Deus. Em verdade vos digo que qualquer um que não receber o Reino de Deus como criança, de maneira alguma entrará nele.” (Marcos 10:14,15)
Pode parecer, à primeira vista, para um Leitor desavisado que o Mestre desejaria que nos tornássemos pueris para poder entrar no Reino dos Céus.
Na realidade, o que se deve observar é que uma criança não trabalha, ela brinca. Mas ela é séria e atenta enquanto brinca! Sua atenção é plena e concentrada na brincadeira, e para isso ela não faz qualquer esforço. A atitude do homem que deseja construir a si mesmo deve ser análoga à da criança, que, por natureza, só carrega fardos leves, o que torna suaves todos os confrontos.
A consciência intelectual impõe fardos pesados, deveres e regras que se opõem à natureza instintiva do homem. O ponto de equilíbrio entre esses dois opostos está no belo. Aquele que vê a beleza daquilo que reconheceu como verdadeiro ou justo não deixará de amá-la e, pelo amor, o elemento de restrição ou imposição desaparece e o dever se torna uma tendência. O trabalho se transforma, assim, num jogo e permitirá a concentração sem esforço.
Tome-se, por exemplo, o equilibrista ou o malabarista no desempenho de seus ofícios. Eles estão, obviamente, completamente concentrados, pois, caso contrário, um cairia da corda e o outro deixaria cair suas peças. No entanto, eles não refletem, imaginam, calculam ou planejam cada passo ou movimento; se estivessem usando o intelecto, certamente falhariam nas suas tarefas. Aqui o sistema motor é que está em ação – o centro intelectual do sistema motor. É disso que consta a concentração sem esforço: a transposição do centro diretor do cérebro para o centro motor – do domínio do mental e da imaginação para o da ação e da vontade. A entrada no ritmo do Universo.
Como conseguir ser criança? Trabalhando os elementos que nos são oferecidos como matéria prima para o nosso desenvolvimento e nos tornando objetivamente mecânicos. A ordem na qual os elementos serão trabalhados não é tão difícil de estabelecer; o que pode ser afirmado, com certo grau de certeza, é que o calar precede todas as demais, pois falar só depois de saber; é preciso saber o que querer para que não enveredemos por caminhos erráticos – quando desejar algo, passe para o universo a mensagem correta; para conseguir o que queremos é, muitas vezes necessário ousar; uma vez conseguido o objetivo é prudente calar novamente para preservar a conquista.
Nossas mecanicidades nos são impostas pelas Leis que atuam em nós, governando as nossas ações, por não sermos capazes de entendê-las plenamente e explorar o seu potencial em nosso favor. Se não usamos a Lei, ela vai nos usar, porque elas não existem para nós e sim para manter o equilíbrio do Universo. No entanto, pelo próprio princípio da analogia, estas mesmas Leis existem dentro de nós, no microcosmo e, na medida em que ele vai se expandindo, pela construção de si mesmo, elas começam a atuar de dentro para fora e passam a não ser mais encaradas como ameaças ao Ego e sim como o retrato de verdades cuja beleza passamos a admirar. Assim, o polo da mecanicidade se inverte e passamos a reagir de forma objetivamente mecânica, da mesma forma que o equilibrista e o malabarista.
Não pensem que reconhecer o belo vem de graça. Nada é fácil. Tem vida fácil um pianista para chegar a ser um virtuose? Quantas horas diárias precisa ele treinar e ensaiar? O que dizer de uma bailarina até chegar a solista? Quanto esforço e dores para suportar?
Assim, nunca se esqueçam do alerta já feito em outras ocasiões e textos:” – Se sua vida está muito fácil, desconfie! Alguma coisa deve estar errada! Você pode estar simplesmente patinando, gastando energia vital e recursos, mas não está indo a lugar nenhum.”
