Situações Governadas pela Lei XIII - Lei da Vida e da Morte
As situações regidas por esta Lei falam sempre de alterações no nosso dia a dia, que normalmente não seriam difíceis de ser tomadas, mas podem encontrar resistências que precisam ser vencidas para que possamos prosseguir com elas.
Oito de Paus – Arcano 29 – Domesticidade
Representação
No plano espiritual, adentrando o plano astral, um escaravelho, símbolo solar que os egípcios associavam com renovação, renascimento e ressurreição. Era um amuleto muito popular, freqüentemente encontrado nas tumbas, pousado sobre o coração do morto (“escaravelho do coração”), trazendo gravado nas costas o Capítulo 30 do Livro dos Mortos onde era pedido que o coração não o contradissesse durante o seu julgamento.
No plano astral um pastor conduz uma gazela, animal sagrado do Egito, pois antecipava os períodos de cheia do Nilo ao abandonar suas pastagens ribeirinhas, indo buscar refúgio no deserto.
No plano físico a urna simboliza a alma (Bá), a imortalidade e os dons trazidos de vidas anteriores.
Planeta – Lua – Fecundidade mental, ligação com a natureza, proteção e intuição.
Lei Contida – 13 (2+11) – necessidade de mudança e saída da rotina, porém receio de enfrentar os novos desafios que podem ser trazidos; acomodação em relação à situação presente.
O Oito de Paus mostra a domesticidade como uma atividade rotineira e descomplicada, o que não se vê hoje em dia com muita freqüência, pois a mecanicidade da vida acaba por dominar completamente os ambientes familiares e domésticos. As pessoas se tornam superficiais e acabam promovendo tímidas tentativas de mudança que as tocam de forma cosmética, sem propiciar as mudanças interiores pelas quais o Ser clama. Os reais problemas não são enfrentados corajosamente. Assim, o que em geral se observa é uma sucessão infrutífera de tentativas de busca de um caminho, sem muito empenho, apenas para dar uma satisfação à sociedade.
A possibilidade da existência de dons ou experiências de vidas passadas que afetam emocionalmente as ações, acaba pesando ainda mais para dificultar as mudanças necessárias, pois a energia do hábito é confortável e desestimula qualquer novo movimento.
As situações aqui apontadas indicam a possibilidade do dom da cura e uma vontade dedicar-se ao serviço, mas sempre travada por uma dificuldade muito grande de se desvincular da estrutura o pelo menos, tornar-se menos dependente dela.
A imagem passada pelo Arcano é bem sugestiva ao apresentar o homem dominando o animal que pode simbolizar o ego indócil que carregamos em nosso interior. Para dominá-lo e expandir a consciência é preciso permanente observação de cada pensamento e sentimento/emoção (Hod x Netzach), a fim de conhecê-los e equilibrá-los. Note-se que a cabeça do homem toca o escaravelho, símbolo solar, sugerindo a interligação entre o acesso à energia cósmica e o controle do animal dentro de cada um.
A presença, portanto, do Oito de Paus pode indicar um período de mudanças que vão depender da nossa capacidade de “pastorear” o nosso animal interior, por menor que seja a sua indocilidade. Não são grandes mudanças externas, podem ser apenas pequenas mudanças interiores, mas que estão impedindo uma mudança de postura em relação à vida, que permitam encará-la com mais simplicidade e deixem que os dons latentes se manifestem e possam ser utilizados em benefício próprio e daqueles que dele puderem se utilizar.
Dois de Copas – Arcano 49 – Versatilidade
Representação
A figura apresenta a imagem do deus Hapi. Ele era a divindade que representava o próprio rio Nilo, de grande importância para as terras do Egito. Era ele que fertilizava e regava o país e levava água aos oásis e por isso o deus era representado por uma figura masculina com seios, símbolo desse alimento que ele trazia para o país. Ele porta nas mãos dois vasos de libação, que derramavam oferendas líquidas de origem orgânica às divindades, simbolizando também o Alto e do Baixo Egito.
No plano espiritual não aparece nenhuma representação que possa trazer a ideia de uma intermediação ou ajuda divina, mas pode-se observar a figura de Anúbis, invadindo esse plano e indicando que, mesmo dentro da fertilidade, a morte é uma força sempre presente e talvez um alerta contra uma possível insatisfação de Hapi, para que ele não deixasse de favorecer o Egito e as suas secas ou inundações não causassem a morte e a destruição. Por isso as oferendas.
No plano físico aparece um portal.
Planeta – Urano – Libertação, abandono do passado e esquecimento de velhas estruturas.
Lei Contida – 13 (4+9) – Esta Lei fala de mudanças interiores e ao mesmo tempo do medo de se entregar a elas. Este é o ponto de utilizar nos processos de vida o conhecimento acumulado e deixar fluir os dons latentes em cada um. É a entrada em um novo patamar e a transposição do portal leva a uma nova dimensão da qual não há volta possível.
Sem fugir do confronto do dois, o que vemos aqui é um conflito de sentimentos no qual a necessidade de mudança sentida, reforçada pela influência de Urano, encontra internamente o obstáculo do medo e do tradicionalismo. Hapi tinha uma representação andrógina, um equilíbrio entre os seus lados yang e yin que lhe permitia ser duro quando necessário e suave e generoso em outras situações. A figura traz certa semelhança com o Arcano XIV – Temperança – sendo impossível deixar de fazer um paralelo entre os dois.
Copas é o naipe em que o amor é a energia preponderante. O dois de copas é o início de uma caminhada em direção a esta energia e, para que isso seja possível, o primeiro passo é o amor a si próprio. É quando a pessoa começa a se gostar; a tratar melhor de si mesma; é o momento das operações plásticas, dos tratamentos de beleza, dos regimes alimentares, do cuidado com o próprio corpo, novas roupas, novo penteado – de todas as renovações da vida voltadas para a própria pessoa. O corpo é o Templo.
Qualquer mudança externa é sempre o reflexo de uma mudança interior. Dar a nós mesmos uma nova imagem passa pela transposição de obstáculos onde ficamos vulneráveis à reação e à crítica da energia tribal; a ultrapassagem desse portal é um grande passo no caminho da individualidade.
O amor por si mesmo atrai os outros, novos relacionamentos se estabelecem e fica mais fácil gostar dos outros, pois deixamos de ver neles aquilo que não gostamos em nós mesmos. Este é o caminho das curas emocionais, das renovações e do arejamento da própria vida.
Assim, ao se deparar com um dois de copas saiba que é o momento de aproveitar essas energias de vencer resistências internas e externas e mergulhar com coragem no caminho do amor.
Dez de Ouros – Arcano 69 – O Imprevisto
Representação
No Plano Espiritual não aparece uma deidade específica, apenas uma parte do corpo da deusa Nut invade esse plano.
No Plano Astral, aparece Nut, a deusa do firmamento, protetora da luz, com seu corpo curvado e apoiado no plano físico oferecendo proteção a um homem que anda às cegas, cobrindo os olhos com as mãos, em cima do que parece ser um barco, portanto, seus movimentos são limitados.
No Plano Físico um escorpião em atitude não-ameaçadora, afastando-se da área onde está o homem. Não é da natureza do escorpião atacar sem provocação ou perseguir suas vítimas. Ele ataca para se defender quando se sente ameaçado.
Planeta – Vênus – Sorte no plano material
Lei Contida – 13 (6+7) – equilíbrio e harmonia para permitir movimentos que proporcionem as mudanças desejadas e necessárias. As mudanças sempre assustam e causam medo pela incerteza dos resultados.
O Dez de Ouros é um arcano que aponta para mudanças que, na maioria das vezes, não foram planejadas. O acaso deve ser visto como a ação de uma Lei que não conhecemos ou cuja influência não foi prevista. Equilíbrio e harmonia fazem fluir energias cósmicas favoráveis que trazem a “sorte” e as mudanças acabam ocorrendo através de movimentos que cuja iniciativa não foi do próprio indivíduo. É a proteção dos Céus.
No entanto, a insegurança ou a negação de ver a nova realidade que se apresenta, oferecida pela “providência divina”, pode fazer com que o desnorteio acabe invadindo o terreno do escorpião que se afasta, fazendo com que ele se volte para atacar o incauto.
A proteção e a ajuda necessárias estão sempre disponíveis, mas é necessário estar atento para não deixar passar as oportunidades e enxergar além do significado mais imediato de uma mudança que pode, a princípio, não parecer boa, mas que, se analisada, mais cuidadosamente, pode indicar resultados quase sempre proveitosos – é preciso experimentar, dar uma chance ao acaso.
As limitações do mundo material fazem com que as opções não sejam muitas, nem muito complicadas, não sendo justificadas as negativas de olhar para elas. A Fortuna nos é sempre oferecida, cabe a nós saber reconhecer quando isso acontece.
A presença do Dez de Ouros pode ser indicativa de situações em que essa Fortuna nos está sendo oferecida e de que não podemos fechar os olhos para ela. O sucesso, a felicidade e a abundância são situações que devem ser perseguidas, pois favorecem e facilitam o desenvolvimento espiritual. Ter os pés bem plantados no chão da matéria oferece ao ser o equilíbrio necessário para enfrentar os desafios do desenvolvimento espiritual.