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Situações Geradas pela Lei XX 

As situações regidas por esta Lei envolvem, quase sempre, algum tipo de apego em qualquer dos campos da natureza humana. As dificuldades de avançar em determinada direção devem ser olhadas com atenção para identificar inclusive alguns valores que não eram contabilizados como tal, mas acabam freando o nosso caminho.  

 

Nove de Paus – Arcano 28 – A Incerteza

 

Representação

No Plano Espiritual a estrela negra de cinco pontas representando o mundo subterrâneo, o da imortalidade.  Sua posição parece bloquear uma abertura entre este plano e o imediatamente inferior, como que indicando uma passagem entre esses dois mundos.

No Plano Astral dois iniciados parecem em dúvida quanto ao caminho a seguir, um na direção do conhecimento e outro no da intuição e da espiritualidade. Aquele que carrega o cetro “uas” busca o caminho do conhecimento, ao passo que está voltado para “olho que tudo vê”, parece tatear o caminho sem saber exatamente para onde ir. Ambos têm dúvidas.

No Plano Material a fivela ou “nó de Ísis”, um amuleto associado à cruz ankh que encerra, além da representação da vida e da imortalidade, o sentido dos laços que atam a vida mortal e terrena e a importância de desata-los para conseguir a imortalidade. Ao passo que a cruz simboliza a imortalidade divina conseguida ou desejada, o nó de Ísis indica as condições dessa imortalidade: o desenrolamento dos nós, no sentido próprio de desenlace.

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Planeta – Plutão – O Príncipe das trevas, o símbolo das profundezas de nossas trevas interiores, as camadas mais antigas do nosso inconsciente. Grandes mutações de caráter duradouro, reestruturando tudo sobre novas bases, que produzem resultados, em geral, benéficos, animados por profundo sentimento de justiça, embora nem sempre convencional.

Lei Contida – 20 (10+10) – Apego no momento da tomada da decisão ou libertação da alma em função da vivência das cabalas interior e exterior.

         O Nove de Paus procura mostrar o caminho para a libertação da alma, indicando que ele passa pelo trajeto e aceitação do mundo interior, única porta pela qual se pode alcançar o plano espiritual. A dúvida sempre decorre da necessidade de uma escolha, o que indica que existem os dois lados da moeda que precisam ser conhecidos e aceitos.

         É significativo observar que o hieróglifo existente no plano espiritual (“ui”), duas linhas paralelas, é o sinal da dualidade que, portanto, precisa estar em equilíbrio nesse plano.

         Os “nós” se estabelecem quando nos recusamos a tomar as decisões nos momentos adequados. Quando novos caminhos se apresentam, é preciso decidir o que fazer: enveredar por ele ou permanecer na estrutura atual. Nesse momento, entra o apego que dificulta ou impede o movimento. Podemos constatar que neste Arcano, assim como no anterior, o Nove de Copas, a cor laranja que nos associa ao plano material, não aparece. Portanto, os apegos são aqui de outra natureza, muito mais sentimentais e emocionais, o que torna a tarefa, talvez, até mais difícil.

         Viver um Nove de Paus objetivamente é enfrentar as dúvidas que nos assolam no momento da tomada de decisões que exigem o desapego e o mergulho no mais profundo do ser e partir para a construção de uma nova realidade, baseada em novos valores e novas percepções da vida que vão, aos poucos, libertando a alma para vôos mais altos, livres das amarras que prendem às antigas estruturas. É entender que o “desenlace” do nó não precisa nem deve ser deixado para o momento final, pois neste caso a libertação da alma não ocorrerá, de fato, apenas uma separação do corpo físico, mas carregando com ela, ainda, todos os nós não desfeitos.

Arcano 37 – Rei de Copas  - Arte e Ciência 

 

Plano Espiritual - Um faraó usando coroa do baixo Egito, indicando que o rei está protegido. O plano astral invade o espiritual numa permanente busca de inspiração e intuição através dos contatos com os planos superiores.

Plano Astral - Um pintor com papiro, pincel, paleta e vaso de tintas, o que significa que é um artista. As colunas denotam conhecimento.

Plano Físico – Deus Toth representado na forma de um mandril ou babuíno. Toth era o patrono das artes, das ciências e da escrita, mas também representa o seu caráter sexual como símbolo de temperamento ardente e, até mesmo, incontinente

Planeta - Sol - Energia, nobreza, destaque pessoal, charme e elegância. Talentos e dons nos campos das artes e das ciências.

Lei - 20 (1+19)  Egocêntrico, mas com grande necessidade de se relacionar com as pessoas. Apego aos grupos com os quais se relaciona (família ou comunidade).

        O Rei de Copas está associado às artes e às profissões de cura. Talentoso, criativo, comunicativo, escreve bem.  Pode, muitas vezes, ser encontrado como um bem sucedido homem de negócios, graças à sua intuição, principalmente se for uma pessoa extrovertida, que lhe permite percepções e compreensões extremamente úteis, que não estão, normalmente, disponíveis para qualquer pessoa. Se a sua intuição estiver associada ao pensamento, poderá realizar uma brilhante carreira acadêmica.

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        Seu caráter é do tipo Possêidon, distanciado, tempestuoso e profundo, o que lhe empresta uma intensa aura de energia que atrai as pessoas e lhe confere grande poder. Emotividade profunda, podendo entrar em erupção a qualquer momento, embora na maior parte das vezes esteja em controle.

O naipe de copas é representado pela taça que é preenchida com o que vem de cima e deve ser distribuído pelos demais. Esta contribuição criativa para o grupo ou para a humanidade é bem característica da combinação 1+19 que gera a Lei 20 contida no Arcano, causando apego ao grupo ou comunidade beneficiada.

         Realiza-se através daquilo que gosta, não se importando se é o dono do processo, ou não. Aliás, prefere exercer seu trabalho intelectual na estrutura pronta, o que é característica da Lei 20 nele contida.

       Objetivamente, é compreensivo, calmo, tolerante, atencioso e tem grande sensibilidade para as necessidades de crescimento de cada um, o que o transforma num curador e terapeuta natural e instintivo.  Boêmio, gosta de vida boa, de divertir-se, bom amigo.

       Mulherengo, volúvel nos relacionamentos. Por ser individualista, não se rende rigidamente aos relacionamentos e busca satisfazer as suas emoções. Caso tenha uma família é devotado a ela, mas está aberto a outros relacionamentos, não carregando qualquer culpa por eles. Pessoas sensuais, se objetivos, procuram dar uma dimensão espiritual às suas uniões; mas no caso de imaturidade ou subjetividade não leva em conta nem respeita seus parceiros.

        Quando usa o seu poder para ganhos pessoais não é confiável, podendo tornar-se explorador, enganador e hipócrita, fazendo do amor uma coisa impossível devido à muralha inexpugnável que constrói ao seu redor para manter os outros à distância.

           Sua postura no Arcano não o coloca numa posição ativa, o que lhe confere uma certa imobilidade que pode ser causada não só pelo seu ego individualista, como também pelo excesso de confiança na sua inspiração e talento, certo de que na hora certa conseguirá encontrar as soluções buscadas.

          É bom ressaltar que nenhum dos Reis é bom nos relacionamentos e que a ambição e a busca do poder são características inerentes ao seu status real. Na subjetividade todos eles poderão ser cruéis, enganadores, manipuladores e violentos, embora utilizem para isso meios diferentes.

Oito de Espadas – Arcano 57 – Rivalidade

 

Representação

No Plano Espiritual a representação de dois leões unidos pelo tronco que alguns associam aos leões do ontem e do amanhã e guardiões dos dois horizontes. Neste caso, se nos ativermos ao título do arcano e à sua etimologia, vemos que “rivalidade” vem de rival, do latim rivales, significando aqueles que habitam as margens do mesmo rio. Daí a característica da disputa por uma mesma área, gerando competição, luta e conflito. Vemos, então, aqui representada a disputa por algo comum. Neste caso por se tratar de espadas, idéias ou conceitos.

No Plano Astral dois homens empenhados na disputa de um jogo onde a mente é o elemento predominante. Um deles assume uma postura mais agressiva, enquanto o outro parece fazer gestos de conciliação, por ser aparentemente, mais frio, como indica a cor azul na sua cabeça.

No Plano Físico a figura de dois braços em oposição cada um empunhando uma arma, um gancho e um mangual, a ser usada na disputa.

Planeta – Júpiter – expansão e exageros.

Lei contida – 20 (3+17) – Apego às próprias posições. Tentativa de dominar o processo ou a situação pela imposição de seus próprios limites.

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        O Oito de Espadas carrega a energia da disputa mental, característica do naipe. Uma das maneiras mais comuns de manifestar poder é pela tentativa de cerceamento do poder do oponente, o que, na maioria das vezes, provoca reações que levam ao conflito. Esta é uma posição de desequilíbrio entre Hod e Netzach, entre o intelecto e o sentimento. Normalmente o objeto de uma disputa está muito além das simples aparências que podem ser percebidas exteriormente. O verdadeiro jogo está sendo disputado em outra esfera. A contenda real esta escondida e precisa ser percebida para que o controle possa efetivamente ser exercido. Querelas fúteis, insultos e discussões intermináveis são causadas pela falta de conhecimento do que está realmente em jogo.

         Esta situação se manifesta freqüentemente nos casos em que um dos seus personagens se coloca na posição de “advogado do diabo”, ocasião em que se vale deste “salvo-conduto” para externar suas posições conflitantes de forma menos acintosa e agressiva. A presença do Oito de Espadas indica a possibilidade de situações de conflito, em geral pelo predomínio de opiniões e posições que coloca um dos litigantes em aparente posição de vantagem. É preciso, nestes casos, buscar a origem do confronto, estando presente e atento ao que se passa, não se deixando trair pela emoção que leva à reação mecânica. A correta identificação do EU que está atuando em nome do indivíduo é fundamental para conseguir o equilíbrio e chegar ao âmago da questão.

Dois de Ouros – Arcano 77 - Desorientação

 

Representação – A figura apresenta um jovem virado para o passado, porém com a cabeça voltada para o futuro, o que simboliza divisão e fragilidade. No Plano Físico aparece um hieróglifo egípcio cujo significado é escuridão. No Plano Espiritual, um cinocéfalo, um mandril com cabeça de cachorro, animal ligado ao Deus Thot, que fornecia aos mortos as fórmulas e os encantamentos que poderiam guiá-los em segurança através do mundo subterrâneo, pelo caminho que conduzia ao julgamento de Osíris.

Planeta – Mercúrio – superficialidade, mentiras, enganos e dispersão.

Lei Contida – 20 (5+15) – Necessidade de libertação de valores que não servem mais. O apego é gerador de divisão e vacilação no momento de tomar decisões ou de iniciar novas etapas na vida. A composição da Lei aponta para uma combinação de energias que pode trazer a insegurança e a confusão e que tende a gerar uma busca de saídas enganosas que podem descambar para o vício e para a falsidade, tudo como justificativa para a confusão e a cegueira dentro da escuridão do plano físico. A figura do cinocéfalo que orienta os mortos até o recinto do julgamento através da escuridão precisa ser materializada no plano físico, pela busca de um orientador ou um mestre que possa mostrar o caminho a ser seguido.

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Todo início é naturalmente acompanhado de inseguranças, dúvidas e indecisões. O ser humano está muito mais propenso a manter as situações nas quais se sente confortável do que a se aventurar em novos caminhos. Quando as energias que já se instalaram atuam sobre ele exercendo uma pressão muito grande para que ele olhe para frente, instala-se o conflito.

         Tal conflito pode se tornar uma verdadeira crise, pois os valores pessoais já foram modificados, não são mais os mesmos, e tem início um questionamento dos valores sociais e ambientais estratificados pelo passado, que, no entanto não nos atrevemos a abandonar, devido à insegurança que se abate sobre nós. Neste ponto, sabemos perfeitamente o que não queremos, mas não conseguimos definir o que efetivamente queremos, nascendo daí o conflito e a confusão.

         A desorientação é, pois, uma conseqüência natural desta situação e corremos o risco mergulhar num clima de insatisfação pessoal que pode levar à busca de refúgio em falsas soluções como a negação de valores, os vícios, e a enveredar por um caminho de mentiras e trapaças, principalmente consigo mesmo. Nesta hora os vários “Eus” se manifestam dentro do indivíduo e encetam a luta pelo poder pessoal.

         A presença do Dois de Ouros indica a possibilidade de conflitos entre valores internos, novos valores adquiridos, e aqueles que são impostos pelo meio ambiente através do convívio com a sociedade.

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