Situações Governadas pela Lei XXII
Refletem normalmente finais de processos que devem ser percebidos e cuja preparação deve ser antecipada com o tempo suficiente para não sermos surpreendidos. Esta é uma Lei que pode introduzir um forte potencial de conflito na vivência das situações que controla.
Arcano 38 - Rainha de copas - Duplicidade.
Plano Espiritual - Aparece a Deusa Ísis, coroada pelo disco solar com chifres, segurando a cruz “Ankh”. Simboliza a fertilidade.
Plano Astral – Uma mulher segura um leque em uma das mãos e uma pena em outra. Está vestida com uma fina camisola e um manto de violeta cobre a parte superior do seu corpo. Uma flor de papiro enfeita sua cabeça. O leque dá proteção contra maus espíritos e contato com outro plano, a pena indica conhecimento e facilidade de lidar com a lei. O manto violeta indica proteção; a transparência na parte de debaixo significa que ela é livre, tem muita coragem e vive para o mundo.
Plano Físico – O hieróglifo “r” ou “ra” significa o “dom da palavra”.
Planeta – Lua – Maternidade, intuição, sensibilidade, feminilidade e fácil mudança de humor.
Lei – 22 (2+20) – Lida bem com a dualidade e olha sempre os dois lados da moeda, pode ser manipuladora e, ao mesmo tempo, apegada, obedecendo aos seus interesses de momento.
A Rainha de Copas está personificada no mito da Deusa grega Perséfone nos seus dois aspectos: o da virgem e o de Rainha do mundo subterrâneo.
Sua natureza é passiva e intuitiva – uma verdadeira filha do mundo matriarcal – é como a água, recebendo com facilidade as impressões dos outros e refletindo-as. Ela é frágil, tal como Perséfone, seqüestrada por Hades, Senhor do mundo subterrâneo, experiência que dificilmente poderia ter acontecido com outras Deusas mais agressivas; apenas com as mais receptivas e vulneráveis.
O que a diferencia das outras Deusas e Rainhas, é o seu relacionamento com a mãe. Deméter, mãe de Perséfone, representa a sensação, portanto, sua afinidade advém de ambas pertencerem ao mundo receptivo. Como conseqüência, a Rainha de Copas padece das dificuldades causadas pela indecisão e da falta de direcionamento, acompanhadas por uma incapacidade de estabelecer limites, definir estruturas e assumir compromissos a serem levados até o fim proposto. Esta Rainha, quando casada, não consegue se comprometer seriamente com o casamento, nem com a profissão, nem com qualquer outra coisa que faça.
A figura representada manifesta-se no dia-a-dia como a da mulher sensual, atraente, tipo dondoca, vaidosa, agradável, versátil. Ela é sociável, boa anfitriã, festeira, bom papo. Boa mãe, esposa, gosta da casa e de ter tudo bem arrumado, porém não dispensa a mordomia e não põe a mão na massa, pois detesta afazeres domésticos. Ela pode, no entanto, viver num mundo vão e sensual de fantasias, sempre imaginando novas possibilidades para si mesma, mas pouco fazendo para materializá-las.
É, antes de tudo, uma romântica. A busca do amor é uma constante e, por isso, caso não o encontre em casa pode buscá-lo, sem culpas ou remorsos, onde encontrá-lo. Encara com naturalidade relacionamentos paralelos, sem se afastar da família, pois tem apego às estruturas.
A versão amadurecida da Rainha de Copas é a de Senhora do mundo Subterrâneo. Nesta figuração ela consegue definir o seu espaço próprio e deixar de funcionar apenas como espelho dos outros. Perséfone é raptada e levada ao mundo subterrâneo, que representa o inconsciente pessoal e coletivo da psique; é através do trabalho no inconsciente que esta Rainha consegue se tornar ela mesma. A união com Hades representa a necessidade de desenvolver o seu animus – a sua força masculina interior – para que possa ativar as outras rainhas adormecidas.
Sete de Espadas – Arcano 58 - Recapacitação
Representação
No Plano Espiritual, o cubo indica a possibilidade de uma ajuda concreta vinda de mestres espirituais. Os três olhos nas faces do cubo representam a presença das três forças primordiais que devem ser usadas no processo.
No Plano Astral a figura de uma mulher em atitude passiva, provavelmente de reflexão, reavaliando situações passadas e com a finalidade de estabelecer um planejamento para suas próximas ações.
No Plano Físico a pena da Ma’at que simboliza a Lei, indicando que não há o que mudar e sim seguir o curso previsto.
Planeta – Urano – Capacidade de reorganização, mudanças necessárias para que a estrutura possa subsistir. Perigos ocultos.
Lei Contida – 22 (4+18) – Final de processo. Pode ser causado por origens ocultas ou pelo término de um ciclo que precisa dar lugar a outro.
O Sete de Espadas, fiel à natureza do naipe, figura uma reflexão mental, uma avaliação dos acontecimentos passados para permitir colher a essência dos processos desenvolvidos e permitir uma nova criação (cubo no plano espiritual). Construção de uma base de sabedoria, utilizando as forças primordiais, para redirecionar e reorganizar a vida.
Pode significar um momento de queda, após atingir um nível que incomoda os demais e torna o indivíduo alvo de conspirações ocultas para a sua derrubada. O nível atingido torna a pessoa diferente e a sua adaptação ao grupo vai se tornando difícil, até que o indivíduo pode acabar sendo “expulso” pelo meio ambiente, caso não tome antes as iniciativas necessárias para a sua reestruturação.
Não há dúvida de que este Arcano aponta para o encerramento de uma fase e que o caminho natural começa a apontar para outra direção. É chegada a hora de alçar vôos mais elevados, para os quais o indivíduo tem que se estruturar. É importante que este momento seja reconhecido para que as ações necessárias possam se antecipar à queda inevitável.
O caminho natural lhe será indicado, mas é necessário que haja a “entrega” a ele. Não adianta lutar, pois o caminho está traçado, basta seguir as suas indicações – este é o simbolismo da pena de Ma’at no plano material.
A presença do sete de espadas pode ser um indicador de que o indivíduo vai enfrentar situações nas quais é preciso estar atento para a iminência de término de determinados processos, antecipando-se a ele, dando novos rumos à sua vida, com base nos conhecimentos acumulados e nas experiências adquiridas, antes que os fatos se precipitem em situações desconfortáveis, ou mesmo perigosas. O processo deve ser conduzido a um encerramento natural, sem traumas ou sofrimentos desnecessários, pois a mudança é inevitável, portanto basta seguir o seu curso.
O Ás de Ouros – Arcano 78 - Renascimento
Representação
O Arcano mostra no seu Plano Espiritual a figura simbólica da alma (Bá), liberta do seu corpo que aparece na forma de um sarcófago no Plano Físico. A alma liberta carrega em suas mãos o Shen, símbolo egípcio da imortalidade, um passaporte para entrada em outros níveis, proteção contra o caos reinante.
Na parte intermediária aparece a figura de um homem bebendo de uma fonte, à sombra de uma tamareira, símbolo do justo, do rico em bênçãos divinas. É freqüentemente uma metáfora para a retidão, pois a tamareira é alta, frutífera e impenetrável à mudança de ventos, assim como devemos ser.
Implícita, também, na figura da tamareira está a virtude da paciência; o entendimento de que se está no início de uma jornada que é longa e pode não terminar em uma única vida. A tamareira, uma vez plantada, demorava até 150 anos para dar seus primeiros frutos e os antigos costumavam dizer que seus tataranetos colheriam os primeiros frutos da tamareira que estavam plantando.
A civilização egípcia considerava a Tamareira um símbolo de força vital. Assim, em seus rituais religiosos de inverno, levavam-na para dentro de casa e a decoravam com doces e jóias. Este hábito passou pela Roma Antiga com o ritual de adorno das Saturnálias para celebrar a passagem da estação fria para a estação seca. Decoravam sua versão do pinheiro com máscaras do Deus Baco (que representa vinho, fartura e colheita). Muitos não sabem sobre a origem das festas de fim de ano. Tudo começou com costumes pagãos de antigas civilizações, que foram absorvidos pelos cristãos por serem hábitos muito enraizados.
Planeta – Vênus – Harmonia, suavidade, beleza e plenitude.
Lei Contida – 22 (6+16) – Fala do encerramento natural de processos ou ciclos, o que está bem representado pela natureza do arcano: um renascimento, uma abertura para novas possibilidades, pelo abandono de antigos valores e busca de novos caminhos. Para isso, uma escolha deve se feita com a confiança de quem sabe que está certo. Os questionamentos começam a aparecer e a vida simplesmente vivida passa a não ter significado – aparece a busca por um objetivo.
A energia do Ás de Ouros só se manifesta quando e porque estamos prontos para lidar com ela. Cabe a nós olhar para a nossa vida e verificar como essa energia pode ser trabalhada em nosso benefício. Ela pode assumir formas diversas mas, de um modo geral, ela faz a pessoa sentir-se internamente centrada, querer resultados e passar a focalizar os aspectos práticos da vida. Externamente, essas posturas podem ser acompanhadas por oportunidades e sincronicidade de eventos que vêm permitir a materialização desse sentimento.
Não é uma energia afeita a fantasias ou dramas. É um momento de viver o real, de buscar experiências confortáveis e confiáveis que tragam segurança, de criar uma estrutura segura, tanto interna como externamente, de usar o bom senso para saber o que fazer. É um momento, ainda, de voltar-se para as coisas naturais que ajudam a manter os pés no chão; de cuidar do corpo e aproveitar as alegrias e os prazeres da existência material.
O Ás de Ouros também sinaliza que você está pronto para tornar seus sonhos realidade, que você está pronto para transformar suas idéias em coisas tangíveis e que você possui a energia capaz de atrair os recursos necessários para materializar os seus projetos. Se esta energia for devidamente aproveitada, se você beber dessa fonte, como o faz o homem representado no Arcano, a prosperidade e o crescimento estarão ao seu dispor.
É importante reconhecer a chegada dessa fase em nossa vidas, verdadeiras encruzilhadas nas quais temos que escolher o caminho certo e, para isso, é preciso saber lidar com as diversas manifestações e formas que esta energia pode tomar.