Situações Governadas pela Lei VI
O pano de fundo dessas situações é a busca da tranquilidade e da harmonia, com todas as suas implicações que podem estar em qualquer um dos dois pratos da balança. Normalmente envolvem a tomada de uma decisão ou uma escolha ou a falta dela. Podem envolver ainda a fuga de responsabilidades que normalmente decorrem de certas escolhas
Arcano 39 - Cavaleiro de copas - O Testemunho.
Plano espiritual - O olho de Rá dentro de um triângulo ascendente. Indica plano espiritual elevado.
Plano astral - O pastor carrega um animal como oferenda aos deuses. Como testemunho de submissão ao império Egípcio e à suas leis, os egípcios faziam oferendas de animais, vegetais, frutas, propriedades e trabalho, aos templos. O alimento era “magicamente” consumido pelos sacerdotes.
Plano físico - o hieróglifo “Kep” que significa segurar na mão, símbolo de poder e direção. A mão indica uma direção contrária ao deslocamento do personagem.
Planeta - Júpiter - Espiritualidade, expansividade, abertura para vida.
Lei – 6 (3+21) - precisa de grande liberdade para conseguir ser o dono de seus processos e por isso não assume compromissos que possam exercer pressão sobre ele ou tirar a sua tranqüilidade.
O Cavaleiro de Copas é o herói sensível, poético e altruísta da cavalaria. Ele serve aos outros, mas, principalmente, às mulheres. Normalmente, é muito ligado à mãe. Costuma apegar-se por vínculos emocionais à família de origem e não abandona a casa paterna, mesmo que tenha condições para isso. Sustenta os pais ou a mãe e usa isso como justificativa para não assumir compromissos formais.
Sua postura pode ser vista como ativa, pois aparece de pé e caminhando para a direita (futuro). O animal que carrega nas costas e vai oferecer em sacrifício, com a sua cor alaranjada e o seu tamanho, indicam um grande esforço e dificuldade de lidar com as coisas da matéria. Por isso, a realização material vem sempre em segundo plano, perdendo sempre para a realização emocional. O encontro da vocação.
Aliás, a necessidade de liberdade é uma de suas características principais contida na Lei presente no Arcano. Pode se envolver emocionalmente, mas não quer assumir compromissos formais. Esta necessidade premente de liberdade faz com que os relacionamentos na matéria sejam confusos e conflituosos, pois a matéria sempre aprisiona de alguma forma. Como conseqüência, pode estar sujeito a relacionamentos escusos e/ou “proibidos” e a certa confusão sexual. De certa forma, ele sabe disso, o que pode ser percebido pela figura do Arcano onde no campo material a mão lhe oferece um caminho, enquanto ele se desloca na outra direção.
O Cavaleiro de Copas está em contato íntimo com o seu lado feminino, ou seja, com os aspectos femininos da sua alma. É extremamente intuitivo, o que pode ser percebido pelo violeta do campo espiritual do arcano e, como todas as pessoas intuitivas, não é muito suscetível a influências externas, embora possa dar essa impressão.
Como é típico de Copas, existe sempre um conflito entre água e fogo, entre a passividade e a busca do status de Cavaleiro. Embora possa parecer contido e equilibrado, isso não passa de uma máscara para esconder grandes paixões.
Ele não depende de ninguém e sua verdade interior depende da sua independência interior. Tem uma mente livre e sem preconceitos. A psique dos outros atua sobre ele e assim é capaz de estabelecer contatos e adquirir poder e influência sobre eles.
Subjetivamente, o Cavaleiro de Copas pode mostrar-se indolente e sensual, querendo usufruir os benefícios e confortos da vida sem trabalho ou esforço. Poderá usar a sua intuição em proveito próprio. As pessoas poderão não confiar nele por não acreditarem na sua capacidade de vir a desenvolver trabalhos baseados em esforço produtivo.
Dez de Copas – Desassossego – Arcano 41
Representação – No plano espiritual, uma chama invertida representação que carrega um caráter de natureza potencialmente involutiva.
No plano astral um grupo de pessoas em atitude de discussão, o que pode significar um clima de discórdia. Uma delas está numa atitude aparentemente defensiva, como que tentando apaziguar os ânimos.
No plano material uma urna, também invertida, colocada dentro de um campo de baixa energia, sujeito a intrigas e calúnias. A urna na posição normal, com a sua boca voltada para cima, indica abertura para influências celestes, o que já não acontece neste caso, com o vaso invertido.
Planeta – Mercúrio – Intensa comunicação. Possibilidade de falsidade e superficialidade.
Lei Contida – 6 (5+1) – Harmonia decorrente de uma situação de mestria que respeita a individualidade.
O Dez de Copas é um Arcano que figura muito mais o seu conteúdo subjetivo do que os seus aspectos objetivos. À primeira vista, parece que estamos frente a uma situação de discórdia e conflito, o que, na realidade, pode vir a acontecer se nos descuidarmos do seu real significado. O Planeta Mercúrio rege este Arcano, como também a Lei V que nos fala da Mestria pela comunicação correta.
Neste Arcano, tudo nos leva para o lado contrário. A chama, que também aparece no Hierarca, está invertida; a influência de Mercúrio está, aqui, mais para o excesso de comunicação, que leva à tagarelice, à falsidade e à fofoca, do que para a Mestria.
Se nos lembrarmos da dualidade que reina em toda a criação – e estamos no mundo material de Malkuth – podemos concluir que a grande harmonia não está na igualdade e sim no convívio das diferenças. Caos e harmonia – Conteúdo da Lei contida no Arcano – são aspectos simultâneos e não alternativos. O que tira uma situação da mediocridade é o resultado multiplicador que decorre da diversidade capaz de gerar uma unidade muito mais rica.
No Egito, Mercúrio era Thot, conhecedor dos segredos e mistérios, adorado como apaziguador porque trazia harmonia ao povo através de suas poesias. Era o escriba dos deuses e responsável pelos livros divinos. Aparece, também, como Hermes Trimegisto, pai das ciências.
A discordância bem administrada, não se transforma em discórdia e produz resultados enriquecedores. Ela funciona como a tensão do arco que projeta a flecha mais longe. Fechar-se a essas possibilidades pode levar a situação para o seu lado subjetivo, configurando a imagem retratada no Arcano. O espírito apaziguador é o que deve prevalecer na situação.
Assim, o Dez de Copas nos alerta para todos os aspectos subjetivos de uma situação que poderá se tornar fonte de discórdia, caso a abordemos da forma errada, ou seja, alimentando as individualidades egóicas, censurando ou falando além da conta, para fazer valer nossas posições, ou até mesmo, nos isolando, por acharmos que nada temos a ver com a situação, pelo simples fato de que nossa posição é discordante.
Seis de Espadas – Arcano 59 – Revelação
Representação – No plano espiritual a figura do deus Toth, representado com a cabeça de uma íbis, que presenciava e registrava o resultado do julgamento dos mortos. Era o deus da sabedoria, medidor do tempo, inventor da escrita e do sistema de numeração. Em hieróglifo o seu nome é Tehuti, cujo significado literal é “Ele que equilibra”. Para os egípcios ele era considerado o Deus do Equilíbrio, por isso nas suas gravuras era estampado como o Mestre da Balança, indicando a sua associação com os equinócios – o tempo em que os dias e as noites são equilibrados.
No plano astral, a figura de Horus – então chamado Harpócrates – representado ainda menino, nu e voltado para o lado passivo, o que indica fragilidade, apesar de protegido por talismãs e portar a coroa.
Note-se que ele está entre duas colunas multicoloridas, aparentemente desorientado, em busca de equilíbrio. As cores variadas das colunas indicam grande conteúdo e potencial a ser explorado.
No plano físico o símbolo do Culto de Osíris no seu Templo em Abidos.
Planeta – Mercúrio – grande inteligência, vocação superior e necessidade de comunicação.
Lei Contida – 6 – (5+19) – indecisão, falta de iniciativa. Insegurança em face do meio ambiente.
O Seis de Espadas, representa situações que carregam as características do naipe de espadas e, portanto, exige cuidado na sua abordagem. Não é sem motivo que o “Mestre da Balança” aparece como orientador espiritual para o Arcano, estando ele associado à Sephirah do equilíbrio – Tipheret.
As características mentais do naipe exacerbam o desbalanceamento inferior a favor de Hod, sephirah na coluna da severidade, em detrimento de Netzach, mais ligada ao sentimento, na coluna da misericórdia. O excesso de fala mental decorrente acaba tirando a clareza da mente e agrava a indecisão. A consequência óbvia é a perda de oportunidades e a dificuldade de afirmação em todos os campos da vida. O grande conhecimento e o enorme potencial disponíveis ficam sem aplicação prática, pois ele não sabe como usá-los. A busca da vocação torna-se um caminho difícil. A fuga aparece como uma solução cômoda e passageira, típica da subjetividade da Lei 6, que contém a essência do Arcano. Não é uma solução adequada, pois ele não pode se desvencilhar das suas dúvidas e tem de carregá-las onde quer que vá.
Todos enxergam o seu grande potencial, mas ele não. As pessoas se irritam com a sua passividade e falta de iniciativa. Acaba gerando Shut nos que o cercam.
A indecisão tem que ser substituída pela harmonia. O Sol precisa entrar neste tipo de situações influenciadas por um deus Lunar (Toth) e isso tem de ser feito através da Lei 19, por meio do contato aberto com o meio ambiente, não sem esforço ou sacrifícios, mas na certeza de que os resultados virão. A própria letra do alfabeto hebraico correspondente tem a forma de um machado, a ser usado com arma para abrir o buraco para deixar entrar o Sol.
A presença do Seis de Espadas, portanto, indica a possibilidade de situações e imobilidade e vulnerabilidade que se não forem combatidas podem travar a caminhada, gerando prejuízos espirituais, emocionais e materiais. Provavelmente haverá contatos com coletivos envolvidos nessas situações. Esteja atento para não recuar, mesmo que isso represente sacrifício momentâneo, pois certamente as hesitações decorrem da insegurança em relação à sua própria capacidade. Deixe o sol entre, jogue luz sobre a sua sombra e vá em frente.