SITUAÇÕES GOVERNADAS PELA LEI VII
As situações governadas por esta Lei têm normalmente ligação com os movimentos feitos ou com a ausência do movimento necessário para lidar com elas.
Dois de Paus – Arcano 35 – Desconsolo
Representação
Uma mulher em postura de lamentação, semelhante a das carpideiras representadas em painéis de funerais egípcios. A flor de lótus murcha em sua cabeça pode indicar uma dificuldade de se abrir para um novo dia, de renascer para uma nova fase. A sua posição voltada para a direita indica que ela está pronta para se mover, mas os seus pés estão atados por uma tira negra. Lamentar-se de costas para o passado também pode indicar certa nostalgia em relação a ele.
O plano espiritual vazio e cinza indica falta de perspectivas na situação atual.
No plano material o símbolo de um olho chorando simbolizando a tristeza com a situação atual, causada por dificuldades materiais
Planeta – Saturno – Limitações e obstáculos a serem enfrentados na vida.
Lei contida – 7 (8+17) – Esta é a lei do movimento. Permite dar os choques necessários para sair de situações difíceis. A composição desta Lei pelo 8 que aponta dificuldades a serem transpostas e pelo 17 impõe limitações aos movimentos indica que a força para iniciar o movimento está presente e que pode ser usada.
O conflito aqui presente estará provavelmente na inadequação da estrutura básica à situação que deve ser enfrentada. Nestes casos as pessoas costumam sentir-se impotentes para fazer os movimentos necessários, achando tudo difícil e acabam entrando num mundo de lamentações.
Ousar, arriscar, parar de se lamentar devem ser as atitudes adequadas para poder colocar em movimento as energias que governam a situação. Não é uma situação que seja ultrapassada sem algum tipo de desgaste, mas os limites têm que ser ampliados. Provavelmente, alguma coisa na estrutura básica de vida terá que ser modificada, alguma escolha terá de ser feita. Os resultados, uma fez feita esta escolha e tomada a decisão serão sempre benéficos.
A presença do Dois de Paus é uma indicação da ocorrência de situações em que teremos que enfrentar obstáculos materiais para poder encetar o movimento em direção a espiritualidade. Decisões terão que ser tomadas oportunamente para desatar o nó que impede o movimento e evitar a entrada em processos de lamentação e frustração.
Cinco de Copas – Arcano 46 – O Patrimônio
Representação - No Plano Espiritual, o sol Rá, ressaltando que a sabedoria é o verdadeiro patrimônio do ser. A essência humana, como origem e como objetivo.
No Plano Mental, um proprietário ou dignitário fazendo a contagem dos bens colecionados, nas conquistas e nos plantios. Sugere um banquete da festa da colheita. Como vestimenta usa apenas um amuleto com a figura de um escaravelho, animal solar, indicando o seu despojamento e a sua harmonia com o criador, única coisa que precisa manter. O bastão que segura é símbolo de autoridade legítima, confirmada pela sua posição sentada para receber os que a ele acorrem trazendo suas oferendas.
No Plano Material, a perna de carneiro, símbolo da fartura, porém a sua cor azul denota que ela não é meramente material.
Planeta – Sol – proteção divina e fonte de luz e inspiração.
Lei Contida – 7 (1+6) – a vitória conseguida através da vontade, da coragem e da iniciativa, para suplantar os desafios das bifurcações da vida que geram indecisão.
As situações sugeridas pelo Cinco de Copas não oferecem o grau de conflito do naipe de Espadas. As dúvidas, contestações e revoltas já foram suplantadas; a mente está desanuviada e o contato com as forças superiores se faz com tranqüilidade. Desafios e sacrifícios sempre existirão, mas agora encarados com outro tipo de energia.
O Arcano do Patrimônio fala da bagagem que o homem tem para desenvolver seus ideais. Os dons que traz na alma, a sabedoria adquirida geneticamente dos antepassados e a memória das vidas passadas. Tudo contido no seu inconsciente.
Fala também do patrimônio adquirido nesta vida. Dos conhecimentos adquiridos nas experiências vividas, das capacidades desenvolvidas. Dos caminhos que andamos e dos amigos que conquistamos. É uma situação em que o indivíduo começa a reconhecer e avaliar o seu currículo.
Quais são os dons desenvolveu, e que espaço conquistou no seu ambiente com eles? Qual a melhor maneira utilizar e de usufruir melhor das suas posses. As mesmas relações hoje existentes podem ser enriquecidas e diversificadas e com isto seu campo de ação pode ser ampliado. O indivíduo sente-se seguro e satisfeito com o que tem.
Conforme o cenário, este Arcano, pode estar, neste momento, definindo alguma questão acerca do patrimônio material, por exemplo, regularizando uma escritura de um imóvel, alguma herança, ou questão judicial, ou mesmo uma ajuda da família ou dos amigos sólidos que conquistou.
Pode representar, ainda, uma auto-afirmação, uma auto-valorização, com crescimento da confiança nos amigos e nas relações que conquistou.
A presença do Cinco de Copas é uma orientação para que o relacionamento com o divino seja desfrutado e direcionado adequadamente através de movimentos conscientes que não dependem de ninguém mais do que da própria pessoa. Não é um momento de esmorecimento nem de acomodação. Os movimentos constituem-se na essência do Arcano, as decisões e escolhas devem continuar a ser feitas, mas com tranqüilidade, confiança nas energias que fluem em seu auxílio e que devem ser preservadas.
Dez de Espadas – Arcano 55 – Contrição
Representação
Entre o plano espiritual e o astral, intermediário, aparece a representação da deusa abutre Nekhbet, protetora dos Reis. Acreditava-se que ela pairava sobre o Faraó, portando em suas garras o Shen, símbolo da eternidade, e as Penas de Poder dos governantes.
No plano astral, a figura do Faraó, em toda a sua imponência, representada pelo seu tamanho, muito maior do que a outra figura de um prisioneiro, que se prostra frente a ele num estado de ruína total no qual oferece todos os seus bens para aplacar a ira do Todo-Poderoso Monarca.
No plano material aparece a figura de homem ajoelhado, em posição de prece, em meio a um ambiente de desolação e angústia.
Planeta – Plutão – grandes transformações, muitas vezes dolorosas, mas que proporcionam mudanças duradouras e novas perspectivas.
Lei Contida – 7 (10+15) – Necessidade de movimento. A roda é impulsionada pelo 15, não podendo ficar parada, sob o risco de se sujeitar a situações desagradáveis e desnorteantes.
O Dez de Espadas é, por muitos, considerado o Arcano mais nefasto do Tarot. As situações que ele caracteriza são, em geral, difíceis de lidar e de ultrapassar. Poderiam ser consideradas situações de crise, para as quais ações decididas e rápidas fazem-se necessárias, a fim de que não haja a perda de controle. Suas características estão bem de acordo com a natureza do naipe de espadas e a influência astrológica de Plutão, senhor do reino das trevas e do mundo subterrâneo, sugerindo uma visita a essa região.
Quando nada parece dar certo, o terreno fica fértil para o aparecimento de lideranças ou soluções “milagrosas” que se valem da perplexidade gerada pela situação e da visão deficiente da realidade que cria ilusões. É a situação em que aparecem os ditadores e a tirania, com o consentimento daqueles que têm uma visão distorcida da realidade e que, por isso acabam identificando neles a solução dos problemas com os quais não conseguem lidar.
A figura em posição de oração sugere que a situação chega a tal ponto que a única solução é rezar por proteção, tal a sua gravidade. Não adianta revoltar-se contra a situação, há que aceitá-la e aprender com ela, tirando proveito dos próprios erros cometidos.
Este arcano indica fase da vida em que as situações tendem a descambar para o descontrole e, portanto, exigem atenção para que não se permita que ela chegue a níveis insustentáveis, o que certamente ocorrerá, caso não seja feito o movimento necessário na hora exata. Pode se transformar em fundos de poço, dos quais pode se sair fortalecido, não sem antes passar pelas agruras e desconfortos causados durante o período de permanência ali.
Arcano 66 - Rainha de Ouros - Perplexidade
Plano espiritual – Disco solar que coroa a mulher no plano astral
Plano astral – Uma mulher nua; usando apenas braceletes ; segura uma flor de Lótus na mão direita (simbologia da vida eterna) e uma serpente na mão esquerda (simbologia do conhecimento). Sabe conciliar o conhecido e o inesperado; lida bem com os lados contraditórios da existência.
Plano físico – Hieróglifo “na.am” que significa negar
Planeta – Júpiter – Expansão, crescimento, grandeza
Lei – 7 (3+4) -É uma líder natural que carrega dentro de si um saldo energético de poder e autoridade que lhe conferem uma essência de nobreza que lhe facilita a permanência e o trânsito entre os poderosos.
A Rainha de Ouros representa o arquétipo da mulher com preocupações sociais, que gosta de ajudar os que não foram bafejados pela sorte. Geralmente, é mãe que pode trabalhar fora e sabe lidar bem com as finanças. Para ela é importante criar um ambiente material favorável para si e seus familiares; gosta de conversar e se preocupa com os detalhes da vida cotidiana.
Sua sensualidade é prática e direta. É objetiva e gosta do conforto proporcionado pelas conveniências modernas. Preocupa-se com a sua aparência física, gastando tempo com roupas e jóias. Como pessoa, é responsável e doa muito de si para os que a cercam. Dona de grande cultura, destaca-se nos ambientes que frequenta como conselheira e líder.
O ponto de partida para compreendê-la é situá-la no mundo físico. Uma figura do tipo Mãe Terra. Sendo Terra e sensata, envolve-se com todos os detalhes da vida sabendo conciliar o aspecto profissional com o familiar. Se for introvertida pode ter uma tendência à melancolia. Miticamente, pode ser associada à Deméter, mãe de Perséfone. Ela é a mãe que dá todo o apoio aos filhos, servindo de motoristas quando querem ir ao futebol, festas ou aulas de natação. Em muitos casos, ela acaba se definindo pelo papel que representa como mãe. Quando esse arquétipo for dominante e ela não desenvolver outras Rainhas pode tornar-se dominadora, sufocando os filhos e identificando-se com o seu sucesso, forçando-os a uma escalada social e, assim, terá dificuldades em ajudá-los a se tornarem pessoas independentes. Em casos extremos, pode fazer isso propositadamente, para impedir que a abandonem mais tarde.
Nestes casos aparece o outro arquétipo com que pode se identificar a Rainha de Ouros – o de Hera, a esposa ciumenta de Zeus. Ela esperava obter a realização através do marido. Para este tipo de mulheres, os filhos vêm sempre em segundo lugar. Neste caso, pode ser mesquinha e com péssimo senso de valores.
Todas as mulheres têm necessidade de se valerem dos arquétipos da mãe e da esposa extremosas em determinados momentos de suas vidas; caso contrário, acabam perdendo seu equilíbrio interior. O perigo ocorre quando os padrões de um arquétipo dominante causam grande desequilíbrio. Uma Rainha de Ouros equilibrada é capaz de por em ação as suas outras Rainhas, o que não acontece na situação oposta de desequilíbrio. Se isso acontecer, pode se tornar materialista e tão ligada à realidade física que acaba tendo um fraco senso de valores, ficando incapaz de vivenciar os aspectos mais espirituais de sua natureza, representados pelas Rainhas de Copas e de Paus.
A Rainha de Ouros é uma grande alma, uma imagem da Mãe Terra. O exercício do seu aspecto receptivo deve atrair os outros para o seu convívio. O segredo para essa receptividade é o esvaziamento do ego, mantendo a sua mente humilde e o seu coração puro. Sua capacidade de influenciar tanto homens como mulheres permite ajuda-los em seus processos de desenvolvimento e juntar, em harmonia, pessoas diferentes.