Situações Governada pela Lei VIII
As situações governadas por esta Lei envolvem quase sempre algum tipo de relação de poder. Entenda-se aqui por relação de poder qualquer situação onde possa ocorrer a predominância de uma vontade envolvida, seja por motivos, legais, emocionais ou mesmo por uma dependência existente ou desenvolvida no processo. A Lei formaliza determinadas regras para aplicação na realidade concreta.
Arcano 40 - Valete de copas - Pressentimento.
Plano espiritual – O círculo com duas serpentes dentro, símbolo do domínio sobre o alto e o baixo Egito.
Plano astral - Mostra um casal, ele tem em sua mão direita o “Shen”, amuleto que representa a órbita solar e símbolo da eternidade. A mulher ergue as mãos em um gesto de devoção e adoração.
Plano físico - O símbolo contém a inscrição “ser sábio”.
Planeta - Urano – Rupturas, mudanças imprevisíveis.
Lei – 8 (4 + 22) – conduz os processos na sua vida de forma descompromissada e fatalista em função de sentimentos que carrega de fases anteriores da existência. Seus comportamentos podem gerar vínculos cármicos. O valete de Copas representa a pessoa frágil, emotiva, intuitiva, algumas vezes excessivamente mimada e dependente. É fácil se atraído por ela.
Como arquétipo representa alguém que sofreu ferimentos profundos nos seus primeiros relacionamentos, frequentemente na infância, e não consegue confiar nos outros. Assim sendo, não investe nos seus relacionamentos, nem se preocupa com a personalidade das pessoas para as quais está oferecendo o seu amor, pois não acredita no futuro desses relacionamentos. Como trabalho, precisa fortalecer a sua auto-estima e assumir os riscos implícitos nos relacionamentos.
São pessoas que precisam a aprender, em primeiro lugar, a gostarem de si mesmas, para depois passarem a estender esse amor aos demais.
Subjetivamente, com a desculpa da desconfiança, usam os outros para satisfazer seus interesses e os descartam depois, provocando sofrimento e gerando Karmas. Transformam-se em pessoas superficiais, e sem objetivos reais na vida. Seus relacionamentos não duram nem estabelecem vínculos profundos.
Nove de Copas – Arcano 42 – Preeminência
Representação
Embora o Plano Espiritual, ele próprio, não contenha referência a nenhuma divindade, pode ser observado que o disco alado representativo da deidade, como que se projeta no plano intermediário, sem se desprender do Plano Espiritual, numa possível representação da sua presença naquele plano legitimando a “divindade” do Faraó.
No Plano Astral a figura do Faraó em uma de suas apresentações públicas e deslocamentos para cerimônias e rituais que oficiava sozinho, mantendo o isolamento exigido pela sua posição. O cachorro sentado na sua liteira representa a sua carência emocional e afetiva.
No Plano Material o cajado “Uas” símbolo do poder, representando o seu domínio sobre o reino também no campo material.
Planeta – Vênus – Luxo, sensualidade, necessidade de afeto.
Lei Contida – 8 (6+2) – A essência do Poder. A capacidade de estabelecer regras e fazê-las cumprir. Necessidade de escolhas sempre amparadas pel clareza mental.
O Nove de Copas refere-se a posições de destaque que podem proporcionar Poder às pessoas. O Poder é naturalmente discriminatório. Muito se tem escrito sobre a “solidão do Comando” que tende a tomar conta daqueles que assumem uma posição de poder. Seja por motivos de segurança, seja pela formalidade dos cargos e das tradições envolvidas e, até mesmo, pela própria tendência do ser humano de se julgar “especial” quando consegue galgar certas posições, o fato é que o exercício do Poder pode levar aqueles que o exercem ao isolamento. Assim como falamos da solidão do Comando, poderíamos nos referir, também, à solidão da riqueza, à solidão da fama e, inclusive, à solidão do conhecimento, que acaba excluindo e cerceando o círculo de relacionamentos, tornando-o seletivo.
A figura do cão, na liteira ao lado do Faraó, tenta apresentar a necessidade afetiva decorrente desse isolamento, com a transferência de afeto para uma criatura que não alimenta interesses escusos, não representa ameaça e não fere qualquer protocolo de relacionamento.
Esta armadilha é fatal em Egrégoras. Ninguém, por melhor que possa ser, poderá se julgar superior ou melhor que os demais membros. Caso assim proceda, provocará um desequilíbrio que poderá comprometer todo o desempenho do grupo. Especialmente em se tratando de um Líder, natural ou instituído, esse tipo de postura deve ser combatido com veemência.
Vemos, portanto um arcano que fala de relacionamentos emocionais em posições de Poder. Esta situação se aplica também a relacionamentos nos quais uma das partes envolvidas goze de um Poder superior à outra, como no casamento entre uma pessoa madura e bem estabelecida na vida, em busca de novas emoções, de com outra mais jovem e de menores recursos. Pode se aplicar, ainda, por exemplo, aos “padrinhos” ricos que protegem por interesse, afetivo, sexual, ou de outra natureza emocional e, ainda, a qualquer pessoa em posição de poder que o utiliza para conseguir vantagens no campo afetivo.
A presença do Nove de Copas deve chamar a atenção para situações onde existam relações de Poder de qualquer natureza, para que não a usemos ou permitamos que outros a usem de forma exorbitante ou egóica, em detrimento do relacionamento harmonioso que sempre deve governar o usufruto dos dons de cada um em benefício do coletivo, que é o seu objetivo final e primordial.
Cinco de Espadas – Arcano 60 – Evolução
Representação
No Plano Espiritual a alma (Bá), liberta do corpo voa, carregando em suas garras o Shen, símbolo da eternidade. Pode-se notar que neste Arcano ainda predomina a cor laranja da matéria no plano espiritual.
No Plano Astral está retratada a cerimônia egípcia de abertura da boca da múmia, rito que visava tornar todos os órgãos do defunto aptos a desempenhar suas novas funções, tornando-o apto a proferir a verdade e poder justificar-se perante o tribunal dos deuses.
No Plano Físico uma cártula com os dizeres: “o corpo enquanto tal é corruptível”. As cores rosa e amarelo no seu interior representam motivação e obstinação em meio a um ambiente de desequilíbrio e carência energética.
Planeta – Vênus – Apego aos chamados da matéria: a carne, a sexualidade, os bens e a vida física.
Lei Contida – 8 (6+20) – Obstáculos a serem transpostos. Dificuldade de tomar decisões devido ao apego
O naipe de Espadas que já carrega, ele próprio, um potencial de conflito, quando se junta com a energia da severidade de Geburah, assume um caráter que agrava ainda mais o grau de intensidade com o qual as situações são vividas, com predomínio da razão, do intelecto sobre o sentimento, a intuição e a sensação.
As realizações e os valores da matéria (Ouros) que sempre o contentaram passam a ser contestados e depreciados, gerando uma insatisfação com o que já foi alcançado e uma dúvida sobre a sua utilidade. Começa a perceber o caráter ilusório do mundo. Ele tem consciência de uma Força superior que tudo permeia e quer buscar a sua origem, o princípio criador. Ao mesmo tempo, desilude-se com o que foi criado, com o sofrimento e com tudo aquilo que não pode mudar, por maior que seja o seu poder material. Nasce um sentimento de revolta contra o poder criador.
É preciso, no entanto, não confundir a revolta e o ceticismo gerados por uma experiência de Espadas com a que é causada por um fracasso na vida, que é a mais comum.
A presença do Cinco de Espadas aponta para a ocorrência de situações de intenso conflito interior na vida do indivíduo, com grande atividade mental que pode passar pela rejeição de toda e qualquer autoridade religiosa ou filosófica, ou em qualquer campo onde haja uma autoridade condutora. O único critério de verdade é dado pelo seu próprio poder mental, com o qual pretende resolver os problemas do Infinito e do Absoluto – e ele, como é de esperar, fracassa e sabe disso.
São situações que envolvem decisões difíceis de serem tomadas de conteúdo, poderíamos dizer, carmático, onde o apego desempenha papel decisivo para as escolhas a serem feitas. São situações de encruzilhadas, situações limítrofes que descarregam sobre um indivíduo um volume grande de cobranças que pode jogá-lo num estado de confusão mental difícil de administrar. A vontade é de ir embora, fugir, desaparecer do mundo. Em casos extremos vai gerar uma crise existencial tão intensa, um estado depressivo tão profundo que pode desencadear tendências suicidas – a fuga da vida como modo de livrar-se da situação.
Por se tratarem de situações limítrofes, elas também indicam uma fronteira, a proximidade de um novo ciclo, do encontro de novos caminhos que ele tem de buscar.
Nessas situações uma decisão é indispensável. Ela proporcionará o ponto de virada; está em jogo a sobrevivência de tudo aquilo que se quer preservar, inclusive a própria vida.
Este é o momento de buscar o seu ponto de equilíbrio, ou seja, entender que rejeitar antigos valores não invalida o que ficou para trás. Foi um caminho seguido e graças a ele chegou-se onde se está. Os sacrifícios realizados não foram em vão – eles o trouxeram a este ponto. Se nada há mais que o mundo material possa oferecer de valia, então é porque chegou a hora de começar a receber outro tipo de retribuição, portanto, por que mudar a postura?
A Lei 8 contida no Arcano indica uma vocação para o poder, ou seja a capacidade de estabelecer suas próprias regras sem a necessidade de autoridades condutoras. O conhecimento sempre soma, nunca subtrai. As autoridades condutoras de até então não precisam, nem devem ser rejeitadas. Se agora elas não são mais necessárias, basta não utilizá-las mais, mas não sem antes reconhecer a sua utilidade dentro de um determinado período.
Este é um ponto de mudança, de abertura para novos acontecimentos, onde o passado fica para trás, tornando o indivíduo mais leve e capaz de alçar novos vôos de sua alma, como o Bá representado na figura do Arcano. Não é preciso tornar-se uma múmia para ter a alma libertada, basta manter acesa e forte a vontade, principal elo que nos comunica com as forças superiores e que possibilita a realização de “milagres”.