O AMOR E O MEDO
Muito se tem apregoado em relação à importância do amor incondicional no processo evolutivo. No entanto, nem sempre fica bem entendido o que ele vem a ser, ou mesmo como expressá-lo. Entendo que existem duas, e apenas duas, ondas portadoras de energia que podem ser ditas relacionadas com o processo evolutivo humano.
A primeira, de difícil acesso e manipulação, por envolver níveis sutis de energia, somente alcançáveis pelos neles sintonizados: o amor. A Segunda, muito mais densa e acessível nesta dimensão e, portanto, mais facilmente manipulável: o medo. Surge assim um grande conflito a ser administrado: a incompatibilidade entre a instalação do medo e a manifestação do amor.
O medo é a origem de todos os sentimentos negativos. Sua cria mais querida é o apego. O ciúme, por exemplo, advém do medo de perder o ente amado do qual nos sentimos donos; uma forma de avareza é a expressão do medo da pobreza; a mentira decorre do medo de enfrentar a realidade; incontáveis atitudes são tomadas diariamente em nome do medo do ridículo.
De alguma forma, acabamos todos apegados a alguém, a alguma coisa, a alguma situação ou a uma imagem que queremos preservar. O medo e o apego escravizam os indivíduos tornando-os verdadeiros reféns dessas situações que passam o governar as suas ações e atitudes em função da percepção que ele passa a desenvolver.
Por outro lado, é impossível negar que este processo gera um grande potencial energético, a partir de matéria-prima abundante. À esta energia densa e pesada costumamos dar o nome de sofrimento. Vem daí a crença, que há muito vem sendo incutida na mente das pessoas, de que só pode haver evolução com sofrimento e de que todo sofrimento é cármico. Por quê? Para que?
Há que reconhecer que o Universo precisa de um fluxo permanente de energia para manter o seu equilíbrio. Só não é justo que isso seja conseguido às custas de trabalho escravo. O medo e sua cria predileta – o apego – escravizam os indivíduos e, longe de conduzi-los ao caminho evolutivo, atrela-os a um processo reencarnatório do qual pouquíssimos conseguem escapar. O mais maquiavélico em todo o processo é que o homem acaba fazendo isso voluntariamente por sentir-se culpado pelos “carmas” que ajudou construir com o seu medo.
O amor incondicional nada mais é do que o amor sem medo.
Não havendo o medo, não existe apego e, assim sendo, desaparecem os obstáculos ao fluxo amoroso, pois ele passa a não precisar de retornos ou afirmações para sentir-se seguro. Não há o que temer. O ser simplesmente vive e manifesta-se plenamente, sem limitações auto-impostas.
O amor universal é materialização da ética mais pura, que não necessita de códigos, tratados ou compêndios para estabelecer as suas regras, pois elas não são necessárias. Na onda portadora desse amor tudo é possível e nada é proibido. Não existe o sofrimento e gera-se outro tipo de energia: a plenitude.
Porém, em termos econômicos, assim como é mais fácil e barato obter energia de origem fóssil do que de origem renovável, também é muito mais fácil conseguir energia através do sofrimento do que pela felicidade.
Poderia um administrador ou governante ser censurado por buscar resultados mais rápidos, significativos e baratos na energia mais densa e mais facilmente disponível? Não, desde que não sejam desprezadas as consequências e reflexos que isso poderá causar no meio ambiente ou nos alvos dessas ações. Caso contrário seria a decretação da morte da galinha dos ovos de ouro.
Semelhantemente, até o mais bem-intencionado dos seres de outras dimensões pode ser levado a embarcar numa experiência semelhante, mercê do seu desconhecimento da estrutura tridimensional. Assim como o ser tridimensional tem dificuldade para perceber e entender os planos mais sutis, também os seres de outras dimensões as têm quando se trata de perceber, entender, manifestar-se e atuar nos planos mais densos. A minha observação, varias vezes repetida e pouco entendida pela maioria, de que “o mundo espiritual não sabe planejar” é uma tradução jocosa dessa ideia.
Custo a acreditar que um Ser bem-intencionado, com experiência tridimensional, pudesse manter esta visão inalterada.
Uma coisa é certa, não é preciso sofrer para crescer e evoluir.
Tenha sempre muito cuidado com os caminhos e soluções que lhe são oferecidos e as “verdades” que lhe são apresentadas quando chegam envoltos numa embalagem de medo e despertam uma perspectiva de perda e, consequentemente, exploram o apego.
Jamais aja movido pelo medo, pois as ações decorrentes nunca irão gerar atos de amor, e sim a busca da recompensa. A adesão à filosofia do medo não traz qualquer benefício, pelo menos para você.