ATUAÇÃO DOS PROCESSOS NA VIDA
Os Pontos do Triângulo do Eneagrama representam as aberturas ou pontos de contato com o mundo exterior ao Cosmos definido pelo Círculo que representa o agora, o Kairos dos gregos, o tempo da presença que proporciona as oportunidades, um tempo qualitativo. Fora do Cosmos existe o tempo quantitativo, medido em dias, meses e anos, que nos confronta com o passado e com o futuro, desviando nossa atenção do momento presente. Uma das tarefas mais difíceis é conciliar esses dois tempos e vivê-los em harmonia.
O tempo cronológico que circunda o Eneagrama nos oferece uma ideia da duração da vida e da atuação dos três processos no seu decorrer e como eles contribuem para que ela seja cumprida adequadamente pelo provimento da energia vital necessária em cada fase. O intervalo entre os pontos do Eneagrama determina períodos de dez anos no tempo cronológico da vida, bastando multiplicar por dez cada ponto a partir do Ponto 1. O Ponto 9 será o marco zero inicial e também representará a marca de noventa anos. Os três Processos precisam ser vivenciados pelo Ser Humano, pois é através deles que será garantida a energia que vai permitir que os três Princípios descritos na Introdução deste assunto sejam atendidos e o “produto” da existência seja satisfatório.
O Processo de Ação que vai dos 10 aos 39 anos é o primeiro com o qual o homem se depara. Este é o período em que a preocupação maior é estabelecer as bases materiais para a vida, conseguir a independência financeira, realização profissional e pessoal. Normalmente é neste período que as famílias são construídas e as carreiras e as reputações se desenvolvem. Nesta fase, o que importa, em geral, á a busca de uma realização material e estamos dispostos a fazer grandes sacrifícios para consegui-la. Aqui, é o nosso Centro Motor que proporciona a energia vital necessária para que o Processo se desenvolva e possamos nos adaptar às situações que aparecem, aprendendo a lidar com elas e com os coletivos que elas envolvem.
Antes de prosseguirmos é importante fazer a ressalva de que estamos descrevendo as coisas como elas deveriam ser e como elas devem ser encaradas. Isto não quer dizer que tudo aconteça dessa forma para todo mundo. Pelo contrário, com o decorrer da narrativa poderá ser observado que para a grande maioria a realidade pode ser bem diferente, no caso de as energias não serem buscadas nas suas origens corretas, ou se forem mal utilizadas. Deve ser nossa permanente preocupação garantir que esses Processos decorram da forma mais próxima possível da ideal.
A partir dos 40 anos o normal é que as perspectivas de vida comecem a se alterar. Em primeiro lugar, a energia física do centro motor tende a perder intensidade com o passar dos anos, o que obriga, naturalmente, a uma mudança de foco em relação às buscas empreendidas. Em segundo lugar, a influência energética do Ponto 6 da Alma começa a ser sentida e as motivações passam a exercer papel importante na escolha dos caminhos a seguir. Fazer o que gosta e o que motiva torna-se um desejo presente. A energia vital para prosseguir precisa então ser buscada no Centro Emocional e, aos poucos a influência do Centro Motor e os valore materiais vão sendo esquecidos. Esta Fase perdura até os 69 anos. “A vida começa aos 40” é uma expressão muito repetida e que pode ter a sua origem nessa transição em que a Alma precisa ser atendida, pois é justamente por causa dela que todos os Processos existem. Aqueles que não conseguiram a buscada independência material durante o primeiro Processo e são obrigados e se dedicar a tarefas para as quais não dispõem mais de energia e prazer, podem passar a carregar fardos pesados que vão atormentar suas vidas, com desconfortos, sofrimentos e até mesmo enfermidades que em nada ajudam a Alma na sua busca pela integridade do Ser, porque a sobrevivência material continua a ser o foco numa época em que a motivação deveria predominar.
O terceiro Processo – o Espiritual ou Criativo, vai do 70 aos 90 anos, mas também abrange o período infantil de 0 a 10 anos. Nos dois casos não deveriam existir dependências da matéria, pois a estrutura de sobrevivência já deve estar assegurada, no primeiro caso construída pelo trabalho realizado no Processo de Ação na faixa de 10-40 anos e no segundo caso proporcionada pela família onde se nasce, responsável pelo seu provimento. Da mesma forma, muitas das motivações das fases anteriores deixam ou deveriam deixar de existir na ultima fase da vida, ao passo que fase infantil elas ainda não são percebidas. Então, a Mente e o contato com o Espirito passam a desempenhar o papel de fontes de suprimento energético nas idades mais elevadas, enquanto na infância o contato com o Espírito vem a desempenhar importante papel na construção da Personalidade, através da absorção de Valores Universais e liberdade para a manifestação do Ser, especialmente nos primeiros 7 anos de vida, antes que o lixo energético depositado pela vida e também pela educação socializante comece a soterrar o verdadeiro Eu Sou. Por esse motivo é tão importante saber educar uma criança para a vida e não apenas para a sociedade, sem tolher a sua criatividade, até que este processo esteja terminado, em geral por volta dos 7 anos.
É fundamental entender que as fontes de energia que abastecem o homem variam conforma a Fase vivida e que os nossos objetivos e metas mudam naturalmente ao logo dos anos, o que nos permite aplicar os princípios que permitem o sucesso de qualquer tipo de projeto de criação. De certa forma, tudo é uma questão de sobrevivência, mas de diferentes naturezas: Física, Emocional e Espiritual. Para alcançá-las é preciso buscar as energias adequadas que serão conseguidas apenas se soubermos conduzir adequadamente os três Processos descritos, cada um no seu devido tempo, que assim se transforma no Kairos – o tempo oportuno, o tempo qualitativo, o tempo do agora.