O QUE É REALMENTE UM SHUT?
Toda vez que um pensamento ou um sentimento consegue ocupar a sua mente de forma tal que deixa pouco espaço para outras atividades mentais, é bom investigar as suas origens, pois, provavelmente, você estará “shutado” ou fascinado.
Em muitos casos, nem é preciso investigar a causa. Você sabe exatamente o que está acontecendo e qual a sua origem; mas, apesar disso, não consegue “limpar” com facilidade. Obviamente, esta dificuldade não tem nada a ver com a causa do shut; a dificuldade está dentro de você, mas não é preciso se culpar por isso. Tudo é perfeitamente natural. Por quê?
Quando somos pegos de surpresa por uma situação, normalmente, estamos com a nossa guarda baixa, isto é, nossos escudos energéticos estão desativados; nossa atividade, portanto está, nesse momento, mais para a mecanicidade do que para a presença. Os golpes recebidos enquanto nesta situação causam estragos consideráveis; ferimentos que podem custar a cicatrizar e pelos quais, mesmo depois de tentarmos reativar as nossas defesas, perdemos energia e sofremos invasões permanentes de forças negativas que tentam abrir caminho para dentro do nosso Ser. As sensações de impotência, de medo, de autopiedade, revolta, desconfiança, além de muitas outras capazes de gerar emoções negativas, começam a se constituir em ameaças concretas, pois podem, com facilidade, encontrar o seu caminho para se instalarem dentro de nós.
Como o ferimento é causado num momento de mecanicidade, a maneira pela qual ele vai nos afetar dependerá muito das Leis que possuímos no nosso Eneagrama e, mais que isso, elas terão que orientar a maneira pela qual serão criadas condições que favoreçam a sua cicatrização. O trabalho mental, apenas, não será suficiente. É necessária uma ação concreta que, direta ou indiretamente, proteja o ferimento de novos ataques que possam prejudicar a sua cura.
Vejamos o caso concreto e real de uma pessoa que chegou em casa e a encontrou revirada por assaltantes que a invadiram durante a sua ausência. A surpresa é tão grande que, no primeiro momento, ele nem chega a entender a cena; parece, à primeira vista, algo surreal e inexplicável; a possibilidade de ter ocorrido um arrombamento é algo que demora a se instalar na sua mente. Este é um caso típico de golpe recebido com a guarda baixa. Vejamos que tipo de rompimento haverá na sua estrutura energética em função do Eneagrama dessa pessoa.

Fica fácil ver que uma invasão domiciliar para quem tem um traço principal 20 e um Ego 17 transforma-se numa grave invasão dos limites familiares, uma ameaça à estrutura e representa uma fragilidade nos limites para ela estabelecidos. O orgulho do 10 fica seriamente abalado e ele se vê na parte de baixo da roda. O caos que se instala no 6 leva à dúvida quanto à sua “sorte” e à sua “proteção”. O 13 começa a se sentir insignificante. O 8 desenvolve um sentimento de culpa, achando que deveria ter sido mais cauteloso e que não conseguiu o grau de proteção adequado. Quem conhece o Eneagrama pode diagnosticar os sentimentos descritos sem muita dificuldade, mas o que deve ser feito para limpar o Shut?
Qualquer ação, onde quer que seja aplicada, tem que repercutir no 10 do Shut. A roda tem que girar e ele tem que voltar a se ver na parte de cima dela. Isso só pode ser conseguido se ele recuperar a confiança nos seus limites. Isto irá restabelecer a paz e o equilíbrio necessários para o 6 e ainda assegurar a segurança da estrutura. É a hora da ação e da adaptação a uma nova situação (pontos 2 e 7). São necessárias ações concretas de restabelecimento da segurança dos limites. Se não houver confiança neles o ferimento não poderá cicatrizar. A adaptação passa pelo reconhecimento da necessidade de estabelecer novos limites, mais fortes e mais seguros, através dos quais se recupere a confiança e se restabeleça o poder perdido.
O mais importante é reconhecer a necessidade de uma ação concreta, no mundo real e não apenas no domínio das ideias e do pensamento, que faça a roda do 10 girar e trazer a percepção energética para o seu lado de cima. Na quase totalidade dos casos "varrer o lixo para baixo do tapete" não é suficiente para limpar o Shut. O incômodo tende a continuar se não forem tomadas providências que restaurem a autoestima, pois um Shut é basicamente isso: um rombo na autoestima.