TRANSIÇÃO PLANETÁRIA
O tema que vai ser aqui comentado se originou da intervenção de um leitor das publicações que vêm sendo feitas neste Site e na Página análoga no Facebook. Embora não se refira diretamente ao Eneagrama, quaisquer assuntos, especialmente os mais controversos, podem funcionar como exercícios para “malhar” a nossa mente e, assim, contribuem para formar uma realidade mais ampla, adicionando a ela novas perspectivas e contribuir para o autoconhecimento.
Em primeiro lugar é preciso que todos tenham bem claro o entendimento de que “transição” é um estado temporário no qual ocorrem adaptações e onde é normal que todos os envolvidos passem por desconfortos e incômodos, tanto nas suas percepções e emoções, como, inclusive, no seu lado físico e corporal. Uma transição pressupõe um período que quase nunca é curto e cuja uniformidade não pode ser garantida. Ao contrário, uma das fontes do desconforto pode ser a acentuação das diferenças. Representa em qualquer Sistema uma “fase evolutiva” ao fim da qual nenhum sucesso é garantido, embora sempre haja um fim almejado.
No caso do nosso Planeta, o núcleo dessa mudança é o Nosso Sol. Na realidade, melhor seria usar, em vez de Transição Planetária, a expressão Transição Solar, pois esta mudança abrange todo o sistema solar e não apenas a Terra. Aliás, ouvem-se frequentes relatos nos quais os habitantes da terra são referidos como solares e não terráqueos. Existe ainda uma tendência a jogar esse fenômeno no campo puramente religioso, o que, na minha visão, apenas contribui para salientar ainda mais as diferenças e agravar as polarizações.
Vale a pena comentar, neste ponto, que uma evolução vibracional e, consequentemente, dimensional não vai eliminar as dualidades e as polaridades, pois são pressupostos do mundo manifestado. Mas, por outro lado, vai fazer com possam ser aceitas com mais facilidade. Todos continuamos a ter os nossos lados contraditórios, mas estaremos reconciliados com eles admitindo a sua existência e em paz com isso. Continuaremos seres trimembrados – Corpo, Alma e Espírito – mas os três estarão muito mais alinhados do que na atual dimensão.
Muitas pessoas nunca se preocuparam com este tipo de abordagem em relação ao Sistema em que vivemos, mas, por motivos diferentes, estão agora voltando sua atenção para este lado, seja por curiosidade, por um chamado natural, ou por uma precaução do tipo “No creo en brujas, pero que las hay, las hay”. Para os que se enquadram no último caso, gostaria de lembrar que não existem cursinhos “pré-transição”, embora muitos se apressem em oferecê-los, e que já estamos imersos nela até o pescoço, o que torna natural percebermos grandes mudanças à nossa volta, inclusive podendo algumas ter reflexos sobre nós, levando a uma tentativa de, pelo menos, como primeiro passo, querer entender o que está se passando.
Viver uma transição implica em admitir que ela existe e reconhecer os dois extremos do processo – de onde ela sai e para onde ela conduz. Ninguém se prepara para este tipo de transição... Ela precisa ser percebida por quem tem olhos de ver e vivenciada através de comportamentos compatíveis com as verdades que conseguimos internalizar. Não se acumulam créditos de habilitação, apenas se caminha ao longo dela, com a naturalidade de quem sabe exatamente o que está fazendo.
Muitos perguntam o que acontece ao fim da transição. A única coisa que poderia ser afirmado com certo grau de certeza é que o sistema estará num novo nível vibracional, mas, além disso, não sabemos, nem mesmo, se conseguiremos acompanhá-lo. Também já ouvi falarem de um “arrebatamento” às avessas, ou seja, em vez de serem levados para os céus, aqueles que não conseguissem alcançar o novo nível vibracional do Planeta seriam “sugados” por um Planeta errante que passaria nas imediações da Terra...!!! Parece-me muito mais provável, no entanto, que seja seguido o processo natural e esses seres, ao final de suas vidas, sejam deslocados para outros ambientes de vibração condizente, para continuarem seu processo evolutivo.
Já me perguntaram qual seria o nosso papel num novo nível vibracional mais elevado – se seria o de ajudar os que ficaram a se elevarem também? Pergunta difícil de responder, a não ser em termos genéricos e numa visão estritamente pessoal. Em primeiro lugar, a nossa principal responsabilidade será a de continuar a nossa própria evolução, agora em outro patamar. Ajudar os que ficaram para trás? Seria ótimo e extremamente gratificante, mas apenas se essa tarefa nos for atribuída. Não podemos esquecer que não haverá mais interação direta, dificultando o processo e exigindo medidas de exceção. Além disso, tal atividade exige uma competência difícil de ser encontrada nos “emergentes da Terra”. Este é um dos motivos pelos quais, na minha visão, as canalizações frequentemente recebidas por aqueles que se consideram sensitivos devem ser encaradas com cautela, pois, na sua grande maioria, são oriundas de fontes sem “carteiras de habilitação”. Uma das qualidades que considero fundamentais num sensitivo é a de saber identificar a fidedignidade de uma fonte, restringindo-se a divulgar a penas o que não é “fake”, para usar um termo muito conhecido nos dias de hoje. Como diz o ditado popular, “ – de bem-intencionados...”.
Do meu lado, desconfio sempre dos que se arvoram em porta-vozes de uma alegada espiritualidade para disseminar suas longas e rebuscadas mensagens. Defendo, sim, a disseminação de novas ideias, mas por conta e risco da fonte, deixando a avaliação do conteúdo a cargo do bom senso e do grau de entendimento dos que as recebem. O processo ideal sugere um despertar e nunca uma simples adesão por convencimento.